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Se Irene era uma “preta boa” e São Pedro “bonachão”, há de se
ter um meio termo nisto para Wanderlino. Ele é bom, muito bom
no que faz. E não é bonzinho não. Aqui também não precisa pedir Mara Yanmar Narciso
licença, pois seu conhecimento e simpatia são o abre-alas que o apre- Cadeira N. 98
sentam. Wanderlino é como água, voa alto e enxerga longe.
Patrono: Virgílio Abreu de Paula
Wanderlino chega como quem não quer nada, puxa a cadeira
e assenta. Faz roda mas não enrola e faz o assunto girar. Ele discursa
como ninguém e conta ”causo” como só um bom contador de estória
o faz. Todos ficam absortos enquanto ele fala e ao fim, como se tives-
sem participado de um mega show, todos pedem bis. Porque mais um
dos seus dons é envolver. Wanderlino é como Sherazade, seus contos
não têm fim e ao ouvi-lo sempre se espera pelo final, mas o que ele IDÍLIO DE PÓRCIA E LEOLINO
deixa é uma vontade de ouvi-lo um pouco mais.
epois de consultar 76 livros, o historiador e escritor Dário
Teixeira Cotrim, baiano de Guanambi e radicado em Mon-
Dtes Claros desde 1968, escreveu “Idílio de Pórcia e Leolino”
em 2005. A história se passa em 1844 na região de Brumado, na
época Bom Jesus dos Meiras, na Bahia. Trata-se do romance proibido
entre a bela menina Pórcia Carolina da Silva Castro, que tinha fica-
do órfã recentemente e o também jovem, casado e violento Leolino
Pinheiro Canguçu. Segundo relatos da época, chega a raptar a moça,
após esta ser hóspede na fazenda do seu pai.
A versão dada por Dário Cotrim, que é parente distante da
protagonista, é um trabalho que reúne a paciência de uma freira car-
melita, porém com a curiosidade voraz que o consome. Juntou sobre
a mesa retalhos de várias fontes, analisou cada informação, contrapôs
as partes duvidosas com documentos, e também recorreu à memória
oral das famílias envolvidas. O romance dos dois agravou as familiares
“contendas encarniçadas” dos Silva Castros e Mouras versus os Can-
guçus. Vinganças antigas e novas são apresentadas lado a lado com a
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