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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros  Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
 Veloso e Moraes, gerações servindo a cidade com dignidade e com-  a casa Bancário Almeida oferecia crédito concorrendo com o Banco
 petência. Mesmo nos carnavais, os foliões se divertiam em clubes so-  do Brasil e o Banco Mineira da Produção. Clemente Faria saiu de lá
 ciais separados. Em janeiro de cada ano, sobrevivendo à hoje “A festa   em 1925 para criar em Belo Horizonte o Banco da Lavoura. O seu
 do boi” animava a cidade. Nas festas juninas, a rua Timbiras , onde   filho Aloísio Faria, foi o maior benfeitor do Hospital Universitário
 residia, era enfeitada com figueiras e bandeirolas, com farto comes e   Clemente Faria, em Montes Claros.
 bebes. Estão lá ainda bem administrado a Escola Estadual, Coronel   Com tudo, a partir da metade dos anos 50, a cidade passou a
 Pacífico Faria, onde fiz o curso primário, cuja a diretora Lourdes Ruas   sofrer um processo de estagnação na sua economia. Os investimen-
 era um exemplo e a Escola Estadual Clemente Faria. E, também, des-  tos estaduais e federais não chegavam. Embora encravada com alguns
 de 1945, o Ginásio de Pedra Azul, por décadas, abrigou o melhor   vizinhos, como Almenara e Araçuaí e entre o rico Sul da Bahia e o
 ensino da região, cujo dono era o ex-deputado João de Almeida, hoje   Norte de Minas, não figurava na área de atuação da SUDENE e nem
 a Escola Estadual. O diretor Reinaldo Veloso, professores como Aldi-  do Banco Nordeste do Brasil - BNB. Uma das explicações é que no
 va de Morais, Terezinha Ione, Nilde, Dr. Henrique, Clementina, Dr.   traço original houve falha de engenharia. Somente foi incluída em
 João Babato, todos zelavam por este objetivo.  1998, quando a SUDENE já não era a mesma: enfraquecida,  extinta

 Embora particular, as portas eram abertas para as pessoas caren-  em 2002 e reimplantada em 2007, sem os incentivos fiscais do Art.
 tes estudarem, tal generosidade de João de Almeida, entre os colegas   34/18. Em anos recentes, a cidade vive safra de bons prefeitos. Está
 do ginásio, ainda residem na cidade: Alírio Pereira, Silvio Souza e   incluída nos programas: Caminhos de Minas para afastamento até
 Maria José Figueiredo.  Almenara e no PAC-2 do governo federal, do qual já recebeu parte de
              um total de dez obras. Na monumental festa do centenário, em junho
 Até o inicio dos anos 50 a economia da cidade era vigorosa.
 Realizou a primeira Exposição Agropecuária no “Vale”, dispondo do   de 2012, observei que o comércio cresce a cada ano; Empresa benéfica
 Parque Getúlio Vargas. O capim colonião nativo da região, fortalecia   no município, o minério grafite, de múltiplas utilizações.
 a pecuária, a sua maior riqueza, cujo os animais eram comercializa-
 dos para o Nordeste, e no inicio dos anos 60 também para o extinto
 FRIGONORTE, em Montes Claros. O DER um dos primeiros do
 interior de Minas, sob a chefia do engenheiro Aurélio de Almeida,
 era atuante nas estradas da região. Havia duas linhas de ônibus que
 eram os principais destinos daqueles que emigraram como eu. para
 continuar os estudos. O Estádio Raul Ostiano, o único com arqui-
 bancada coberta, destacava o futebol na região, a demanda por Jeep
 levou a Willians Orveland a abrir concessionária na cidade. A Panair
 do Brasil fazia um voo semanal para Belo Horizonte, vias Montes
 Claros. O maior empório da região era o grande Bazar 36, vendia de
 tudo: tecidos, sapatos, vidros, carros, peças e etc. e no seu interior,

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