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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros



                                       Dário Teixeira Cotrim

                                       Cadeira N. 93

                                       Patrono: Simeão Ribeiro Pires





 Hoje, na literatura, existem muitas Marias cantadas em prosas
 e versos nas minhas  paginas existiram na realidade e já se destacavam
 umas das outras pela coragem de  desafiar os preconceitos que pes-  A CAPELINHA DOS MORRINHOS
 soalmente conheci. E já me incomodava. (estes que me fizeram fugir
 de casa aos quinze anos) tento me libertar das minhas lembranças,
 mas  quando penso estar livre, escuto, vindo lá do fundo do tempo
 uma vozinha me  gritando: “-Ué, nem acredito, esqueceu de mim?”
 Levo um susto. Lembro-me do seu belo rosto sempre sorrindo sinto   abemos perfeitamente que nos tempos passados, a nossa cidade
 que me amava. Fico feliz! E vou abrindo de novo as comportas do   de Montes Claros de Formigas vivia mais para a Igreja do que
 pensamento e as lembranças chegam desenfreadas e me tomam por   Sa Igreja para a cidade. O padre Murta de Almeida já dizia isso
 completo. Uma música divina enche o ambiente e a canção dolente   em suas homilias na Matriz de Nossa Senhora da Conceição e São
 me conduz a um caudaloso rio de sonhos. De repente ouço uma gar-  José. Em razão disso foi construía aqui a majestosa Catedral de Nossa
 galhada escandalosa, ela chega de leve e me abraça com ternura. Seu   Senhora Aparecida, uma obra valorosa para à época. O culto da religião
 cheiro é doce como as flores do campo. Escrevo e choro para aliviar o   Católica Apostólica e Romana era quase uma doutrina obrigatória
 coração. Vejo as margens do rio, ele esta lá. O andarilho esta voltando   nos lares e nas escolas do interior brasileiro. Além das igrejas, existiam
 o com toda sua força, eu vou segurar sua mão e seguir em busca de   ainda as capelinhas por toda zona rural, e que hoje estão dentro da
 nova aventura. Sonhando encontrar  um amor perfeito ou um grande   área urbana em virtude do progresso constante de nossa aldeia.
 livro. E você leitor vai entender? NÃO!... Melhor assim.  Assim, sob os auspícios de dona Germana Maria de Olinda,
 O instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros vem de-  para cumprir uma promessa que fizera, mandou que se construísse
 senvolvendo um grande trabalho sobre a história de Montes Claros   no alto dos Morrinhos a capela de Santa Cruz dos Morrinhos. Tudo
 e região. Entretanto muitos desses fatos reais caem na boca do povo   teve inicio no dia 24 de fevereiro de 1884. E dois anos depois a
 e tornam-se lenda. Há pessoas que viveram histórias tão fantásticas   capelinha já estava erguida para a felicidade dos moradores daquela
 que parecem ficção e por isso é comum dizer que essa história é uma   zona habitacional. A capela teve inauguração no dia 14 de setembro
 lenda.       de 1886, quando a população acompanhou a imagem do Senhor do
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