Page 145 - LIVRO EFEMERIDES
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WANDERLINO ARRUDA
                     Primeiro, a descrença, a chacota, a malícia de muitos. Primei-
               ro, os ataques diretos, a inveja explícita, o duro combate, uma busca
               traiçoeira de levar a entidade ao autoextermínio, à paralisação. De-
               pois, a distância, o esquecimento, o eterno não ver, a indiferença.
               Nunca uma palavra de incentivo, jamais um gesto de carinho, de
               compreensão, um tênue fio de amizade. A Academia não seria mais
               do que uma entidade desnecessária, vazia, perfunctória, refúgio de
               nefelibatas com tempo de sobra, ou gosto de aparecer. Para que uma
               academia de letras em Montes Claros?
                     Passa o tempo, vem o trabalho sério, metódico, constante,
               com a simplicidade de quem veio para ficar. Passam os primeiros ad-
               versários, passam os sonhos sem possibilidades de realização, e vem
               o aumento do quadro social, cresce a ajuda dos mais compreensíveis,
               tudo se consolida. A Academia faz amigos e a crítica antes maldosa
               passa ao nível de bom entendimento, de ajuda até, de elevada co-
               laboração. Quanto os primeiros dez anos foram comemorados, o
               respeito já era geral e até com uma auréola de admiração. Um artigo
               de Haroldo Lívio, dizendo isso, serviu de diplomação e reconheci-
               mento. Ninguém mais deveria discutir o mérito da nossa Academia.
                     É preciso, entretanto, lembrar que jamais uma instituição pode
               ou deve sentar-se nos próprios louros e se considerar definitivamente
               vitoriosa. O próprio prestígio é dinâmico e tem uma via a percorrer,
               nunca podendo se contentar com o caminho já ganho. Necessário o
               esforço, a busca do aprimoramento, o respeito aos ideais. Absoluta-
               mente necessários a noção de conjunto, o trabalho compartilhado, a
               disposição de nunca parar. Lutar é preciso. Afinal, um precursor de
               vinte anos não é para ser desprezado. Merece, no mínimo, o respeito
               de quem valoriza a cultura.
                     Reunião de 22 de novembro com diversos assuntos: 1. Orga-
               nização da reunião de lançamento da Antologia da Academia Mon-
               tes-clarense de Letras, que será feita pelo ex-presidente João Valle
               Maurício; 2. Votos de pesar pelo falecimento do Sócio Correspon-
               dente Walter Vianna; Sugestão para escrita de vinte artigos sobre os


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