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Leonardo Álvares da Silva Campos
Cadeira N. 97
Patrono: Urbino Vianna
MIGUEL DOMINGUES,
FUNDADOR DE MONTES CLAROS
ão existe uma bibliografia contundente sobre a fundação da
cidade de Montes Claros, e pretender o contrário seria como
Numa agressão ao estado ainda relativamente bruto de tempo
e espaço. É que, nos idos de 1700, embrenhar-se pelos sertões, de fau-
na e flora exuberantes, porém perigosas porque traiçoeiras, e grupos
indígenas empregando primitivos artefatos líticos, além de lanças, ar-
cos e flechas, pululando aqui, ali e acolá, entre eles muitos praticantes
da barbárie do canibalismo, somando-se a tudo doenças tipicamente
sazonais, mormente a malária, era, grosso modo, uma temeridade.
Morar nas ditas plagas virginalmente incultas, então, equi-
valeria a um quase desterro, ou uma brincadeira de roleta russa. O
meio, inteiramente hostil, quando muito, não passava de um convite
a aventureiros menos bafejados da sorte, em sua faina por riquezas
no garimpo desconhecido por falta absoluta de levantamentos geoló-
gicos específicos no pormenor, o que não poderia ser diferente em se
tratando de um território lembrando tão somente uma transição da
pré-história para o amanhecer de tempos primevos das civilizações.
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