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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
uma carta de recomendação de D. Umbelina, sua irmã. Foi então
feita uma entrevista. Em verdade apenas por formalismo, porque ele
já a conhecia como cantora da ZYD-7. Afinal de contas, “seu” Hilde-
brando, mesmo afastado, era funcionário dos Correios e Telégrafos.
Onde o formalismo é a nota maior. O primeiro salário de Lili foi de
60 (sessenta) mil réis.
Aqui faço uma pequena pausa para contar uma passagem da
jovem Lili com o seu empregador. Um dia ela pediu um aumento,
“seu” Hildebrando respondeu que não podia dar. Ela disse que estava
apenas perguntando. Ele então respondeu que também estava res-
pondendo. Cada um para o seu lugar. No mês seguinte ela receberia
aumento salarial. O horário de trabalho era o seguinte: entrava às 10
horas da manhã. Havia um intervalo de uma hora para o almoço.
Voltava às 13 horas e a jornada de trabalho continuava até às 19 horas.
Ela saiu da telefônica em 1946.
Recordo-me muito bem de Lili Fernandes, quando jovem, fa-
zendo “footing” na Rua 15. Tanto que a reconheci logo, após quase
30 anos sem vê-la. Falei até com quais as moças que ela andava nos
dias do apogeu da Rua 15. Ela cantava na ZYD-7, ao lado de sua pri-
ma, a grande Eunice Fialho, que mais tarde se projetaria nas rádios da
capital mineira. Era o tempo de Urze de Almeida, Marcos Alexandre,
a lendária dupla sertaneja Chico Pitomba e Mané Juca, interpreta-
da pelos poetas Cândido Simões Canela e Antônio Rodrigues. Este,
hoje, esta morando em Belo Horizonte.
Aparece de vez em quando em Montes Claros. Cândido Ca-
nela continua dando aquele show de conhecimentos àqueles que o
visitam no seu templo, ali na Praça Honorato Alves. Lili Fernandes
é de família de músicos e cantores. Seu irmão Asclepíades Alcânta-
ra Ferreira, grande violonista e cantor dos anos 20 aqui em Montes
Claros, tocando e cantando ao lado de Ducho, Adair Sarmento e a
inesquecível Dulce Sarmento, nos cinemas e saraus daqueles distantes
dias. Ducha, sua falecida irmã era do coral da Matriz. Tinha uma bela
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