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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
aliás, mais do que isso, da elegância e da majestade destas inesquecí-
veis paisagens mineiras.
Voltando da deliciosa visão que só um gosto de sonhos pode
permitir, Nana, a dona da casa, mesa posta, descobre a toalha para
nos oferecer, como que para marcar nossa visita, dois presentes de
dar muita água na boca: em pratos porcelanados, eis o mais suave dos
requeijões, cremoso, macio, desejável até para quem não tem fome,
e uma quase transparente marmelada, exatamente do colorido da-
quelas que minha mãe fazia em São João do Paraíso, tão tecidamente
fina que pode ser saboreada de garfo ou de colher. Acolhimento nota
dez, a que o baiano mais mineiro que existe, Dário Teixeira Cotrim,
e eu tivemos até que antecipar agradecimentos. Delícia das delícias.
Requeijão e marmelada, casados ou não, formam uma parceria para
a mais requintada sobremesa, coisa de agradar ao mais exigente dos
deuses. Para nós, a visão e o sabor foram mais do que um iluminar de
chuvinhas, busca-pés e rojões numa noite de São João!
Em Itacambira, bendição da mais fina flor mineiramente vir-
gem, mágica de onde evolui a terra e começa o céu - a beleza é tri-
cotada com requintes de amor tanto pelo vento como pelo sol, pela
brisa e pela lua. Em termos de história é como se a vidinha interiorana
nunca mudasse, bastando o sentimento de modéstia em cada nesga de
tempo. Na praça, o coreto e o engenho, um bem pertinho do outro,
quem sabe temerosos de jamais encontrar o futuro. Os dois, testemu-
nhas de um passado não calculável em duração de séculos, conservam
a preciosidade da madeira lavrada a demãos de enxó e em alisamentos
de plainas. Cada foto representa doces liames a unir tantos que devem
ter sido os tempos e os contratempos, beleza de filtros e peneiras de
saudades. Tudo quase genuinamente bíblico. Com certeza o sempre
lembrado Fernando Pessoa - vendo e contemplando - poderia até di-
zer que “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”.
No geral um muito admirar, muito a ser levado em conside-
ração. A paisagem rica de matizes, os horizontes de muita amplitu-
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