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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
Era uma mudança de postura, sair para o trabalho fora de casa,
ir a luta, e lutar pela sobrevivência!...
O velho casarão vem a minha memória, o assoalho faz um ba-
rulho de passos, os pedregulhos da rua Cel. Celestino trazem sons, o
sino da matriz toca ao longe, as pessoas seguem pela rua!
As lembranças povoam minha memória, os sons se misturam,
aos cheiros e cores do passado!
Os dias retrocedem à praça, o jardim e odores vêem, as lem-
branças do ontem...
Quase todos os professores que por ali passaram dormem no
silêncio do outro plano!
Na quietude da sala de aula, Dona Heloisa através da sua forte
voz, fala com suas alunas da necessidade de sua formação de futuras
educadoras!
Convencia-nos em ir à luta, ao trabalho fora de casa, em uma
época em que as mulheres eram educadas para serem donas de casa e
mães de família.
Não eram palavras vãs, porque ela com seu exemplo, trabalhan-
do, tinha marido e filhos e dupla jornada.
O sino toca, as vozes dos alunos se misturam com o barulho
dos pássaros, o recreio alegra o casarão, os rostos das moças e rapazes
confundem-se com um filme em minha retina.
Nas salas do magistério, apenas as mulheres estudavam, e o cur-
so científico só veio mais tarde, com as salas mistas.
Voltando a falar de Dona Heloisa, falo que ela estava à frente
do seu tempo, a preconizar uma mudança de comportamento da mu-
lher, como profissional e educadora na formação da nova juventude
da época.
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