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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
Abaixo, na esquina, era a casa do Sr. Zé Boi e de D. Maria, pais de
Geralda e de Elias. Este foi rei em uma Festa de Agosto e eu segurei a
sua capa. Meu vestido era azul de crepe da China, feito por Zizinha de
Donato. Em frente à casa de D. Patricinha morou Diva de Sá Biela,
esposa de Malaquias Pimenta. Eram pais de Eulâmpio (Lampinho).
Ao lado, morou o Sr. Totone Leão (comerciante) pai de Conceição,
que ficou viúva muito jovem e aprendeu a bordar com minha mãe,
na Singer. Abaixo, morou o Dr. Bessone, que foi Juiz de Direito em
Montes Claros. D. Quita, sua esposa, e seus filhos Waldyr, Zuleika e
Mary também moraram lá.
Na Rua Dr. Veloso, o Sr. Felipe Vermelho, pai do meu colega
Plínio Vieira, que fabricava tachos de cobre para vender, morava em
frente à venda do Sr. Domingos Braz. Este possuía um sítio no Melo,
em frente ao sítio do Dr. Mário Veloso (farmacêutico), perto do sítio
do Sr. Christo Raef, que foi o primeiro verdureiro de Montes Claros.
Christo era forte, alourado, olhos azuis, pai do Dr. Konstatin e do
meu colega do quarto ano, Raio. que morreu em acidente aéreo na
Jaíba. Dr. Konstatin casou-se com Yede Ribeiro, filha do Dr. Plínio
Ribeiro. Christo vendia tomates, cenouras, nabos, que naquele tempo
ele plantava, colhia e, em uma carroça, saía pelas ruas de Montes Cla-
ros a gritar “Verdureiro chegou!, verdureiro chegou!“
Morávamos na Rua Dr. Veloso e Christo passava sempre pela
manhã, com as verduras frescas.
Naquele tempo, ninguém conhecia geladeira em Montes Cla-
ros. A carne também era vendida com ossos, fresca, em carrinhos pe-
las ruas.
A costela mindinho que, bem cozida, fazíamos um pirão com o
seu caldo, consistia num bom alimento. Os mocotós, que minha mãe,
já viúva, fazia doce de rapadura com leite e ovos, colocando canela
moída por cima, e que meus irmãos vendiam, em forma de geléia,
era muito apreciada.
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