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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
“Tudo parecia correr para que o arraial do CRUZEIRO se so-
brelevasse aos demais, quando, no fim da primeira década do século
XIX (1809) ‘rebentou naquele lugar uma assombrosa epidemia de
varíola que, grassando com intensidade, em pouco reduziu em me-
nos da metade a população’ (informação do sr. major Antônio Prates
sobrinho). O próprio Padre Theotônio, que era a alma da povoação,
no cumprimento dos seus deveres sacerdotais, foi vítima do contágio
e faleceu. Cruzeiro entrou em dissolução pela perda do seu sustentá-
culo.”
“A população desanimada, sem recursos para debelar a peste, se
deixou invadir pelo terror: abandonou Cruzeiro e foi procurar FOR-
MIGAS como refúgio. Era o arraial mais próximo e muito se adian-
tava, parecendo estar reservado ao seu futuro maior soma de prospe-
ridades que aos outros, que pouco o nada se desenvolviam, máxime
pela existência de uma capela ali erigida, sob a dupla invocação de
Nossa Senhora e S. José. Esse nome proveio de enormes formigueiros
existentes na circunvizinhança da povoação” – conclui Urbino Vian-
na.
Por outro lado, fechando as presentes colocações sobre a verda-
deira origem da fundação de Montes Claros, pode-se indagar qual a
relação entre os nascedouros desta cidade e a de Montalvânia. A res-
posta seria teoricamente pela inexistência de verossimilhanças, uma
vez que a primeira surgiu no século XVIII e a segunda, no século XX,
mais precisamente no ano de 1952.
Todavia, as histórias respectivas de ambas são idênticas, apesar
do lapso temporal transcorrido. E é o que robustece a conclusão que
evidencia a importância ímpar do capitão Miguel Domingues como
figura de proa no nascedouro de um pequeno povoado que, afinal, se
transformou na Montes Claros de hoje.
As terras onde estão assentadas as duas cidades eram, preterita-
mente, desoladas fazendas. Antônio Gonçalves Figueira, o primeiro
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