Foi
numa sexta-feira do mês de agosto do ano de mil novecentos
e sessenta e três a primeira vez que vi as luzes do
velho templo da “Deus e Liberdade”, ainda na Cel.
Joaquim Costa, onde fica hoje o Colégio São
Norberto. Minha impressão incial era de que estava
num pequeno cômodo quadrado, com cadeiras altas, gente
sentada ao redor coladas às paredes, falando uma linguagem
teratral numa espécie de fogo cruzado, todos muito
interessados em conhecer os profanos cada qual querendo saber
mais sobre o que pensavam a respeito de uma série de
coisas do passado e do atual. As vozes eram todas minhas conhecidas,
nenhuma sem identificação, bastante familiares
para um já calejado repórter, político
e sindicalista bem entrosado em todas as camadas de pobres
e ricos de nobres e plebeus. Tudo me impressionou muito e
creio que também ao Renato Alencar, de Porteirinha,
meu companheiro de posse.
Dos
que falavam mais de perto, lembro-me bem do Toninho Rebello,
do Renato Alarico, do Almerindo Mendes, do Luiz de Paula,
do Geraldo Novais, do José Gomes este um mestre-sala
que, parece, complicava mais as coisas mostrando que tinha
mais autoridade, Julinho Pereira, João Murça,
Arnóbio Abeu, Ewany Borges, Vadiolando Moreira, Tulio
Felício, Cristóvão Costa Mendes, Pedro
Spyer, Hélio Athayde, João e Terezo Xavier,
todos apareciam de vez em quando como a dizer que eu estava
no meio de amigos, não devendo temer mal nenhum, e
ao contrário, pudesse rejubilar-me de ser participante
de uma assembléia composta só de gente portadora
dos melhoeres e maiores méritos, de membros de uma
sociedade milenar e de muito bom exemplo em toda a história
do mundo. Mais distantes, mais calados, Antônio Franco
Amaral, Antônio Aquino, Raulemar do Conto, Djalma Coelho,
Rodolfo Cândido, Antônio Pernambuco, Antônio
Cassimiro, Tasso Rodrigues, Pedro Paulo e Paulo Pedro Costa,
Nenenzinho, e o meu quase conterrâneo Joviniano Ramos,
todos curiosos e contentes com sorrisos de quase mistério.
Se
dependesse só da memória, não sei se
poderia hoje descrever todos os acontecimentos da noite, tão
bonitos, tão fartos pela rápida sucessão,
tão harmoniosos no conjunto, assim como a servir de
eternos lembretes para uma vida de real fraternidade. Sei
que não devo ter falhado em nada da confiança
que em mim depositava, porque também sabia que a seriedade
dos meus acompanhantes não deixava dúvida quanto
à importância do momento.
Deve
ter sido um caso de confiança mútua, assim de
conivente compreensão de ambas as partes, cada lado
procurando demonstrar maior lealdade, pois, no fim, saímos
todos para um jantar no Restaurante Mangueira, na Rua Dr.
Santos, um encontro bastante amigável.
Pergunto
a mim mesmo se tenho saudades dos meus primeiros tempos de
Deus e Liberdade, um pequeno grupo empenhado em desenvolver
um tabalho social de grande alcance, onde a lembrança
de Chico Tófani, Francolino Santos, João de
Paula, trabalhadores de muitos anos, era sempre uma constante,
nunca esquecidas por Fernando Jabbur, Almerindo Brito, Alício
Mendes, entre os amis vividos no lado mais importante de todos
os acontecimentos. Lembro-me bem de Waldir Macedo, de Giru
Amaral, de Gentil Antunes, de Joel Stark, de Walter Suzart,
todos de melhor companheiragem, tudo gente muito boa e de
convívio bem agradável como acontecia com Jonas
Almeida, Ormezindo Assis Lima, Aristides e Quincas Barbosa,
Daniel Guimarães, Geraldo Borges, Carlúcio Freitas,
Didi e Djalma Guimarães, Jaime Mendes e tantos outros.
Muitos
já não se encontram entre nós causando
falta, marcando apenas a lembrança. De lá para
cá, bem mais de uma centena de bons companheiros chegaram
para perto do trabalho e do estudo, construindo mais amizades,
revolvendo a terra da história em busca do grande monumento
que é hoje a nossa Loja. Tenho sido muito feliz todos
estes anos, mais de encontros que de desencontros, mais de
conforto que de desconforto, sobretudo muito mais de pureza
de sentimentos, na verdade o único material com que
se pode construir a solidariedade e o amor. E ainda bem que
a vida tenha esse lado bom de se viver...
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