Compartilhamos,
em nome da beneficência, de
recursos vários, como sejam — a moeda e
o
agasalho, o teto e a mesa. Uma dádiva, porém,
existe de que todos necessitamos no câmbio
da fraternidade: a dádiva do encorajamento.
Admitamos,
de modo geral, que os únicos
irmãos baldos de força são aqueles
que
tropeçam nas veredas da extrema penúria
física; no entanto, em matéria de abatimento
moral, surpreendemos, em cada lance da estrada,
legiões de companheiros em cujos corações
a
esperança bruxuleia qual chama prestes a
extinguir-se, ao sopro da adversidade.
Um
possui créditos valiosos nos círculos
da
finança, mas carrega o peso de escabrosas
desilusões; exorna-se aquele com títulos
de
cultura e competência, todavia traz o
espírito curvado sob constrangimentos e
desgostos de toda espécie, como se arrastasse
fardos ocultos; outro dispõe de autoridade e
influência, na orientação de vasta
comunidade,
e tem o peito semi-sufocado de aflição
à face
das dores desconhecidas que lhe gravam as
horas; outro, ainda, exibe-se por modelo de
higidez nas vitrina da saúde corpórea
e
transporta consigo um poço de lágrimas
represadas, em vista das provações que
lhe
oneram a vida.
Detém-te
em semelhantes realidades e não
recuses o donativo da coragem para toda
criatura irmã do caminho.
Se
alguém errou, fala-lhe das lições
novas
que o tempo nos traz a todos; se caiu, estende-
lhe os braços com a fé renovadora que
nos
repõe nas trilhas de elevação;
se entrou em
desespero, dá-lhe a bênção
da paz; se tombou
em tristeza, oferece-lhe a mensagem do bom
ânimo.
Ninguém
há que prescinda de apoio espiritual.
Agora,
muitos de nós precisamos da coragem de
aprender, de servir, de compreender, de
esperar. E, provavelmente, mais tarde, em
trechos mais difíceis da viagem humana, todos
necessitaremos da coragem de sofrer e abençoar,
suportar e viver.
(Alma
e Coração - Emmanuel -
Francisco Cândido Xavier)