Ensinando
o amor para com os inimigos
vejamos como procedia Jesus, diante daqueles
que lhe hostilizavam a causa e lhe feriam
o coração.
Em
circunstância alguma vemo-lo a derramar-
se, louvaminheiro, encorajando os que se
mantinham no erro deliberado, mas sim
renovando sempre o processo de auxiliar com
esquecimento de toda injúria.
Diante
da turba que O preferia a Barrabás,
o delinqüente confesso, não se entrega ao
elogio da multidão, mas guarda dignidade e
silêncio, tolerando-lhe a afronta.
Perante
Pilatos, o juiz inseguro, não lhe
beija as mãos lavadas, mas sim, pela conduta
de vítima irreprochável, lhe devolve o
espírito inconseqüente à noção
de
responsabilidade própria.
Em
plena rua, cambaleante sob o lenho do
suplício, não se volta para sorrir aos
ingratos que lhe cospem no rosto, mas ora
por todos eles, confiando-os ao tempo que é
o julgador invisível da Humanidade.
Na
cruz não toma a palavra para agradecer a
inconstância de Pedro ou a fraqueza de Judas,
nem faz voto festivo aos sacerdotes que lhe
insultam a Doutrina de Amor, mas a todos
contempla, se mágoa, pedindo perdão para
a
ignorância de quantos Lhe impunham a
humilhação e a morte.
E
olvidando os verdugos e adversários, ei-Lo
que torna ao convívio das criaturas, em pleno
terceiro dia depois do túmulo em trevas, a
fazer ressurgir para a Terra enoitada a
radiante mensagem da Luz.
Desculpar
aos que nos ofendem não será comungar-
lhes a sombra, mas sim esquecer-lhes os golpes
e seguir para a frente, trabalhando e aprendendo,
amparando e servindo sempre, na exaltação
do bem
para que o mundo em nós outros se liberte do
mal.
(Abrigo
- Emmanuel -
Francisco Candido Xavier)