Não Perturbeis

 

A palavra divina não se refere apenas aos
casos do coração. Os laços afetivos
caracterizam-se por alicerces sagrados e os
compromissos conjugais ou domésticos sempre
atendem a superiores desígnios. O homem não
ludibriará os impositivos da lei, abusando
de facilidades materiais para lisonjear os
sentidos. Quebrando a ordem que lhe rege os
caminhos, desorganizará a própria existência.
Os princípios equilibrantes da vida surgirão
sempre, corrigindo e restaurando...

A advertência de Jesus, porém, apresenta para
nós significação mais vasta.

“Não separeis o que Deus ajuntou” corresponde
também ao "não perturbeis o que Deus
harmonizou".

Ninguém alegue desconhecimento do propósito
divino. O dever, por mais duro, constitui
sempre a Vontade do Senhor. E a consciência,
sentinela vigilante do Eterno, a menos que
esteja o homem dormindo no nível do bruto,
permanece apta a discernir o que constitui
"obrigação" e o que representa "fuga".

O Pai criou seres e reuniu-os. Criou
igualmente situações e coisas, ajustando-as
para o bem comum.

Quem desarmoniza as obras divinas, prepare-se
para a recomposição. Quem lesa o Pai, algema
o próprio "eu" aos resultados de sua ação
infeliz e, por vezes, gasta séculos, desatando
grilhões...

Na atualidade terrestre, esmagadora percentagem
dos homens constitui-se de milhões em serviço
reparador, depois de haverem separado o que Deus
ajuntou, perturbando, com o mal, o que a
Providência estabelecera para o bem.

Prestigiemos as organizações do Justo Juiz que
a noção do dever identifica para nós em todos
os quadros do mundo. Às vezes, é possível perturbar
-lhe as obras com sorrisos, mas seremos
invariavelmente forçados a repará-las com suor
e lágrimas.

(Caminho, Verdade e Vida - Emmanuel -
Francisco Cândido Xavier)