Um dia, verás a ti mesmo em plano diferente.
Parecer-te-á, então, haver acordado de
um sono profundo e, por isso mesmo, tudo te surpreenderá.
Amigos que não vias, há muito tempo, se
aproximarão de ti, estendendo-te as mãos.
Perguntarás a vários deles porque te distanciastes
de mim? Todos te abraçarão, com a alegria
a lhes fulgurar nos olhos. Fitarás as árvores
carinhosamente podadas, formando corações
que palpitarão de vida, plantas outras, mostrando
as frondes entrelaçadas, lembrando mãos
que se tocam afetuosamente.
Respirarás profundamente, reconhecendo assim,
as qualidades nutrientes do novo ambiente em que te
verás...
Naquela festa de almas, porém, um homem de olhar
manso desce de um torreão brilhante e caminha
na direção dele.
Em vão, o recém-chegado tenta retirar
dele os olhos magnetizados pelo amor que o desconhecido
irradia. Ele caminha serenamente a fixá-lo com
bondade, com a familiaridade de quem o conhecia.
-“Ah! - pensou o recém vindo - decerto
que este amigo me conhece, de longo tempo".
A custo, venceu a própria indecisão, e
indagou do companheiro mais próximo:
-“Quem é este homem que está chegando
até nós?”
-“É o Mensageiro da vida”
Não houve tempo para outras inquirições.
Efetivamente, aquela simpática e estranha personagem
lhe endereçou saudações fraternas
e segurando-lhe a destra, qual se nela conseguisse ler
todas as minudências da sua vida, não lhe
perguntou pelo próprio nome, nada argüiu
quanto à família a que pertencera
ou a posição que exercera...
Apenas pousou nele demoradamente os olhos azuis e perguntou-lhe:
-“Amigo, o que fizeste?”
Emmanuel