No
mundo antigo, o apelo à Justiça significava
a punição com a morte. As dívidas
pequeninas representavam cativeiro absoluto. Os vencidos
eram atirados nos vales imundos. Arrastavam-se os delinqüentes
nos cárceres sem esperança.
As dádivas agradáveis aos deuses partiam
das mãos ricas e poderosas. Os tiranos cobriam-se
de flores, enquanto os miseráveis se trajavam
de espinhos.
Mas, um dia, chegou ao mundo o Sublime Advogado dos
oprimidos. Não havia, na Terra, lugar para Ele.
Resignou-se a alcançar a porta dos homens, através
de uma estrebaria singela.
Em breve, porém, restaurava o templo da fé
viva, na igreja universal dos corações
amantes do bem.
Deu vista aos cegos. Curou leprosos e paralíticos.
Dignificou o trabalho edificante, exaltou o esforço
dos humildes, quebrou as algemas da ignorância,
instituiu a fraternidade e o perdão.
Processaram-no, todavia, os homens perversos, à
conta de herético, feiticeiro e ladrão.
Depois do insulto, da ironia, da pedrada, conduziram-no
ao madeiro destinado aos criminosos comuns.
Ele, que ensinara a Justiça, não se justificou;
que salvara a muitos, não se salvou da crucificação;
que sabia a verdade, calou-se para não ferir
os próprios verdugos.
Desde esse dia, contudo, o Sublime Advogado transformou-se
no Advogado da Cruz e, desde o supremo sacrifício,
sua voz tornou-se mais alta para os corações
humanos. ele, que falava na Palestina, começou
a ser ouvido no mundo inteiro;
que apenas conversava como o povo de Israel, passou
a entender-se com as várias nações
do Globo;
que somente se dirigia aos homens de pequeno país,
passou a orientar os missionários retos de todos
os serviços edificantes da Humanidade.
Que importam, pois, nos domínios da Fé,
as perseguições da maldade e os ataques
da ignorância? A advogado da Cruz continua operando
em silêncio e falará, em todos os acontecimentos
da Terra, aos que possuam "ouvidos de ouvir".
Emmanuel