Bezerra
de Menezes
Filhos
amados,
Calcados
naquilo que nosso senhor Jesus Cristo falou a gente pergunte:
quem são os nossos amigos? É muito fácil
vocês descobrirem quem são os verdadeiros
amigos. O verdadeiro amigo é aquele que é
capaz de compartilhar com você coisas grandes, a
fé, a caridade, a solidariedade. Amigo é
aquele que, mesmo sabendo que você errou, é
capaz de silenciar o máximo que puder para você
jamais perder a auto estima. Amigo é aquele que,
nos instantes de alegria, é capaz de nos abraçar
e sorrir unido a nós e levar a notícia dessa
alegria para que outros também se alegrem. O amigo
é capaz de estar presente no instante em que a
gente chora e sofre, mas é capaz também
de respeitar a nossa ausência e nosso silêncio,
não impondo confissões nem, em momento algum,
que sejamos os portadores de privilégios que ele,
na verdade, não deseja conceder. Amigo não
é exclusivista, nem egoísta, ele compartilha.
Porque amizade é um sentimento muito amplo e muito
belo, é um sentimento que se expande de coração
para coração, entrelaça as vidas
e solidifica os elos de alma.
Jesus
foi um grande amigo dos discípulos, é o
grande amigo da humanidade. É o grande amigo dos
que sorriem e dos que choram. É o nosso grande
amigo em qualquer tempo, porque nos ensinou normas de
vida que, se nós obedecermos, seremos menos infelizes
e mais ditosos.
O
contrário de tudo isso que eu disse, é aquele
que é falso amigo.
Por
isso, meus filhos amados, mão na mão no
trabalho, coração palpitando no mesmo compasso
da luz com Jesus, caminhar sempre buscando a frente. Não
adianta olharmos para traz, o que está atrás
foi feito, foi realizado, estamos no hoje, tentando consertar
as arestas do ontem. Não adianta olhar para trás,
temos que nos fortalecer no hoje, construir o mais que
pudermos, e deixar nas mãos de Deus o nosso futuro,
porque ele terá enviado os sublimes que saberão
decidir muito melhor do que nós, porque todas as
vezes que decidimos nossas vidas nós erramos e
todas as vezes que colocamos nossas vidas a serviço
de Jesus, com Jesus e por Jesus, nós acertamos,
encontramos os verdadeiros amigos que compartilham, que
também lutam e que também avançam.
Sentimos a alegria pura, aquela alegria que é capaz
de transpor montanhas, ultrapassar oceanos, ir além
no além, no abraço de alma e falar: que
bom, você está comigo. Esse é o verdadeiro
Amigo!
Eu
vou falar de uma experiência que eu tive:
Conheci
um médico que se dizia muito amigo, solidário.
Sempre me criticando pelo que eu fazia, pelo tempo que
eu perdia, que eu devia arranjar mais recursos monetários,
que devia pensar mais em mim. Mas como? Numa época
em que a medicina ainda se arrastava, que os conhecimentos
que tínhamos eram poucos. Como eu podia abandonar
tantos enfermos a quem, às vezes, podia dar tão
somente um pouco de conforto, um pouco de consolo, porque
eu sabia das minhas limitações. Mas ao chegar
no plano espiritual, eu constatei que eu nunca estive
sozinho em meu consultório, tinha pessoas que saíam
de lá e ficavam curadas. O que foi que curou?
Em
verdade, havia dezenas e dezenas de companheiros do plano
espiritual: socorrendo, ajudando, aproveitando a minha
presença para atuarem mais, para servirem. Então,
na verdade, foi Bezerra de Menezes que ajudou todos aqueles
pobres que ficavam tão agradecidos? Não
meus filhos, eu, na verdade, fui mero instrumento, instrumento
imperfeito. Agora, eles, do plano espiritual sim, ajudaram
muito, resolveram problemas de depressão que muitas
vezes escondiam dramas familiares, resolveram problemas
de obsessão. Claro que não resolveram, às
vezes, o problema do pão, do arroz, do feijão.
Mas naquela época, por incrível que possa
parecer a vocês, arroz, feijão e fubá
não faltava na mesa do pobre. Arroz e feijão,
hoje, é luxo na mesa do pobre.
Vocês
vejam, existe um mundo de amigos com quem a gente está,
que se preocupam conosco. Tive um amigo que, muitas vezes,
me mandava uma banda de porco, ficávamos nós
com a gordura para dois, três meses e a minha esposa
não esquecia um instante de elogiar esse amigo,
que tinha me dado uma banda do porquinho engordado. Eu
também salivava com os pedacinhos de carne de porco
que punha lá e tinha o capricho de partir e por
na farinha, principalmente farinha torradinha.
Mas
esse amigo, eu cheguei ao plano espiritual um dia e vi
uma pessoa enlouquecida e eu falei:
-
Quem é ele? Porque está assim tão
desesperado?
Ele
desencarnou 15 anos depois de mim. Eles falaram:
-
É de onde você veio.
Eu
fui vê-lo. Quando ele me viu, ele falou:
-
Bezerra eu estou sofrendo muito, eu estou muito infeliz,
deixei tanta coisa para trás, tanta coisa boa e
hoje eu estou aqui sem saber o que fazer de mim. Vim para
este local, não gosto de ninguém aqui, não
consigo me adaptar, eu quero voltar para minha casa.
Então
eu disse para ele que voltar para casa dele seria a pior
coisa do mundo. Porque a esposa não iria falar
com alguém que era fantasma, intocável.
Os filhos tinham ficado todos muito bem, estavam gastando
a larga tudo aquilo que ele havia deixado, o seu patrimônio,
a não ser um dos filhos que também se tornou
médico e que foi uma pessoa muito sensata. A não
ser isso, as filhas casadas, sempre naquele processo de
se divertir, não valia a pena voltar. Então
eu disse para ele:
-
Olha é melhor você se arranjar, com esse
amigo aqui, porque eu passei a vida inteira ouvindo os
seus conselhos, agora chegou a vez de você ouvir
os meus.
E
ele falou:
-
Não me interessa os seus conselhos.
Eu
falei:
-
Os seus também não me interessavam, no entanto
eu os ouvi. Agora chegou a sua vez de ouvir o que não
te interessa.
Ele
ficou um tanto assustado e foi embora.
Eu
falei:
-
Olha, quando você precisar de um amigo, me procura.
Passaram
uma duas semanas, mais ou menos, daí a pouco eu
o vi correndo pelo corredor.
-
Bezerra, eu não vou conseguir mesmo voltar para
minha casa, vou Ter que ficar aqui. Será que você
me arranja um jeito de eu fazer alguma coisa? Falaram
que eu não posso trabalhar aqui. Você imagina,
um médico que ganhou rios de dinheiro como eu,
fui para França, fiz tanto, tanto e tanto pela
medicina, fui homenageado. Agora eu chego aqui, e não
posso fazer nada!
Falei:
-
Não... Tem uma ala aqui que você vai poder
fazer muito por eles.
Entrei
com requerimento junto ao Ministério e arranjamos
uma ala de ricos insuportáveis, que estavam em
tratamento, para que desfiassem as suas inúmeras
queixas, dia após dia, naquele ouvido, tão
pouco propenso a ouvir e aquela boca tão propensa
a falar o que não convinha.
Eu
continuei trabalhando e ele lá no meio de alguns
conhecidos muito ricos que também tinham perdido
tudo. Porque tudo que conquistaram estava na terra, não
tinham nada no plano espiritual. Esqueceram de passar,
para o muro de lá, as bagagens que teriam de, ao
saltar o muro, carregar.
Quem
podia trabalhar não ia perder tempo com lamúria,
não é? Então ele ficou com essa tarefa.
Ele
não gostava de pegar o dinheiro deles? Não
queria o consultório cheio de mulheres ricas, bem
vestidas, perfumadas/
Quando
eu tirava bicho de pé nos meus pobres, porque nos
cortiços dava muito bicho de pé, ou tratava
daqueles ferimentos, carrapato, sarna, tanta coisa...
Ele
ficava horrorizado e falava:
-
Você foi aprender Medicina para fazer isso que você
faz?
Pois
foi isso que me ajudou. Se vocês querem crescer,
meus filhos, vão tratar uma sarna.
Que
o mestre nos ampare.
Bezerra
de Menezes
Shyrlene Soares Campos - no Núcleo Servos Maria
de Nazaré dia 10/11/1999
MUITA
PAZ