As
grandes nações do passado, que escravizaram
o mundo mediterrâneo, não se eximiram à
derrocada das suas edificações, ao fracasso
dos seus propósitos e programas; assírios
e babilônios ficaram reduzidos a pó; egípcios
e persas guardam, nos monumentos açoitados pelos
ventos ardentes do deserto, as marcas da falência
pomposa, das glórias de um dia; a Hélade,
de circunferência em torno das suas ilhas, legou,
à posteridade, o momento de ilusório poder,
porém, milênios de fracassos bélicos
e desgraças políticas.
As
maravilhas da Humanidade reduziram-se a escombros: o
Colosso de Rodes foi derrubado por um terremoto; o Túmulo
de Mausolo arrebentou-se, passados os dias de Artemísia;
o Santuário de Zeus, em Olímpia, e a estátua
colossal foram reduzidos a poeira; os jardins suspensos
de Semíramis arrebentaram-se e ficaram cobertos
da sedimentação dos evos e das camadas
de areia sucessivas da história. Assim, aconteceu
com outros tantos monumentos que assinalaram uma época,
porém foram fogos-fátuos de um dia ou
névoa que a ardência da sucessão
dos séculos se encarregou de demitizar e de transformar.
Mas, o Herói Silencioso da Cruz, de braços
abertos, transformou o instrumento de flagício
em asas para a libertação de todas as
criaturas, e a luz fulgurou no topo da cruz converteu-se
em perene madrugada para a Humanidade de todos os tempos.
O Brasil recebeu das Suas mãos, através
de Ismael, a missão de implantar no seu solo
virgem de carmas coletivos, com pequenas exceções,
a cruz da libertação das consciências
de onde o amor alçará o vôo para
abraçar as nações cansadas de guerras,
os povos trucidados pela violência desencadeada
contra os seus irmãos, os corações
vencidos nas pelejas e lutas da dominação
argentaria, as mentes cansadas de perquirir e de negar,
apontando o rumo novo do amor para re restaurem no coração
a esperança e a coragem para a luta de redenção.
Permaneçam
confiantes, os espíritas do Brasil, na missão
espiritual da “Pátria do Cruzeiro”,
silenciando a vaga do pessimismo que grassa e não
colocando o combustível da descrença,
nem das informações malsãs, nas
labaredas crepitantes deste fim de século prenunciador
de uma madrugada de bênçãos que
teremos ensejo de perlustrar.
Jesus,
meus filhos, confia em nós e espera que cumpramos
com o nosso dever de divulgá-lO, custe-nos o
contributo do sofrimento silencioso e das noites indormidas
em relação à dificuldade para preservar
a pureza dos nossos ideais, ante as licenças
morais perturbadoras que nos chegam, sutis e agressivas,
conspirando contra nossos propósitos superiores.
Divulgá-lO,
vivo e atuante, no espírito da Codificação
Espírita, é compromisso impostergável,
que cada um de nós deve realizar com perfeita
consciência de dever, sem nos deixarmos perturbar
pelos hábeis sofistas da negação
e pelas arengas pseudo-intelectuais dos aranzéis
apresentados pela ociosidade dourada e pela inutilidade
aplaudida.
Em
Jesus temos “o ser mais perfeito que Deus nos
ofereceu para servir-nos de modelo e guia”; o
meio para alcançar o Pai, Amorável e Bom;
o exemplo de quem, renunciando-se a si mesmo, preferiu
o madeiro de humilhação à convivência
agradável com a insensatez; de quem, vindo para
viver o amor, fê-lo de tal forma que toda a ingratidão
de quase vinte séculos não lhe pôde
modificar a pulcridade dos sentimentos e a excelsitude
da mensagem. Ser espírita é ser cristão,
viver religiosamente o Cristo de Deus em toda a intensidade
do compromisso, caindo e levantando, desconjuntando
os joelhos e retificando os passos, remendando as carnes
dilaceradas e prosseguindo fiel em favor de si mesmo
e da Era do Espírito Imortal.
Chamados
para essa luta que começa no país da consciência
e se exterioriza na indimensionalidade geográfica,
além das fronteiras do lar, do grupo social,
da Pátria, em direção do mundo,
lutais para serdes escolhidos. Perseverai para receberdes
a eleição de servidores fiéis que
perderam tudo, menos a honra de servir; que padeceram,
imolados na cruz invisível da renúncia,
que vos erguerá aos páramos da plenitude.
Jesus,
meus filhos – que prossegue crucificado pela ingratidão
de muitos homens – é livre em nossos corações,
caminha pelos nossos pés, afaga com nossas mãos,
fala em nossas palavras gentis e só vê
beleza pelos nossos olhos fulgurantes como estrelas
luminíferas no silêncio da noite.
Levai
esta bandeira luminosa: “Deus, Cristo e Caridade”
insculpida em vossos sentimentos e trabalhai pela Era
Melhor, que já se avizinha, divulgando o Espiritismo
Libertador onde quer que vos encontreis, sem o fanatismo
dissolvente, mas, sem a covardia conivente, que teme
desvelar a verdade para não ficar mal colocada
no grupo social da ilusão.
Agora,
quando se abrem as portas para apresentar a mensagem
do Cristo e de Kardec ao mundo, e logo mais, preparai-vos
para que ela seja vista em vossa conduta, para que seja
sentida em vossas realizações e para que
seja experimentada nas Casas que momentaneamente administrais,
mas que são dirigidas pelo Senhor de nossas vidas,
através de vós, de todos nós.
O
Brasil prossegue, meus filhos, com a sua missão
histórica de “Coração do
Mundo e Pátria do Evangelho”, mesmo que
a descrença habitual, o cinismo rotulado de ironia,
o sorriso em gargalhada estrídula e zombeteira
tentem diminuir, em nome de ideologias materialistas
travestidas de espiritualismo e destrutivas em nome
da solidariedade.
Que
nos abençoe Jesus, o Amigo de ontem – que
já era antes de nós -, o Benfeitor de
hoje – que permanece conosco -, e o Guia para
amanhã – que nos convida a tomar do Seu
fardo e receber o Seu jugo, únicos a nos darem
a plenitude e a paz.
Muita
paz, meus filhos!
São
os votos do servidor humílimo e paternal de sempre,
Bezerra
Revista
Reformador - Nº 2053 - Abril de 2000