Meu Deus, quando renasci nesta vida trouxe comigo todas
as minhas misérias passadas, dívidas pendentes
que Tu, em silêncio, pedia que eu saldasse em
nome de minha própria paz!...
Assim, vim ao mundo com inclinações que
me diziam ao coração de todos os riscos
a que estava submetido, pois que a carne é teia
hipnótica a enredar a alma em ilusões
e enganos e que só tarde demais revela os danos
causados ao espírito invigilante...
Mas, ao lado da minha fragilidade perante as provas,
e da desanimadora certeza de queda, estava a Tua força
e o Teu amor, qual redoma de insuspeitável energia
a me amparar a caminhada!
Foi assim que ao deparar-me com as primeiras lágrimas,
estava escrito que eu desanimaria... Mas, entre o véu
que encobriu minha face eu vi Teu sorriso e o meu pranto
amainou suavemente. Aprendi a sorrir contigo para enfrentar
a dor e a dor tornou-se lição suportável
e passageira...
Quando os instintos violentos que falam do animal que
ainda sou ergueram-se em ímpetos homicidas contra
aqueles que me aborreciam a caminhada, estava escrito
que eu me submeteria... Mas então vi sobre minha
raiva o Teu olhar de cordeiro imolado e minhas mãos
envergonharam-se de si mesmas e desde então oferecem
vida ao derredor, auxiliando, acarinhando e protegendo!...
Quando o corpo pediu-me a saciedade dos brutos através
do prazer sem responsabilidade, estava escrito eu me
deixaria seduzir... Mas então Teu coração
pulsou junto ao meu peito a falar de um amor que ainda
não havia experimentado, e nunca mais o visco
dos maus hábitos teve sobre a minha emoção
o mesmo fascínio de antes!...
Quando tive a oportunidade de apropriar-me de bens e
riquezas, beneficiando-me indevidamente em detrimento
da lei, Tua e dos homens, estava escrito que eu me deixaria
arrastar... Porém, vi Tua preocupação
sobre meus movimentos e devolvi, incontinenti, o que
não me pertencia e aprendi no trabalho honesto
a cuidar de mim e a bastar-me com desvelo e probidade!...
Quando os compromissos assumidos tornaram-se incômodo
obstáculo ao que supunha ser felicidade, estava
escrito que eu desertaria... Mas, antes que eu abandonasse
os meus deveres, complicando-me o próprio destino,
Tu me mostrou a tua inalterável paciência
para comigo, não obstante todos os meus erros
e defeitos, e eu voltei atrás, reconsiderando
votos e promessas, para amar um pouco mais e entregar
em Tuas mãos o término da minha provação!...
Quando adoeci e a dor chegou-me dizimando as forças,
quando meu corpo maltratado
enfraqueceu minha alma de toda fé e toda coragem,
estava escrito que eu não sobreviveria... Mas
então vi os padecimentos que suportastes em nome
do amor imenso que nos devotas, e silenciosamente trabalhei
minha recuperação para prosseguir vivendo,
produzindo e auxiliando, com muito mais alegria e disposição
que antes!...
Quando o abismo abriu-se aos meus pés e a idéia
da morte afigurou-se-me com única saída,
estava escrito que eu me deixaria cair... Mas entre
as vibrações do desespero insano em que
me arrojava, eu senti Teu abraço a proteger-me
a vida e desde então procuro amar-me com Tu me
amou naquela hora triste, reconhecendo na existência
humana precioso estágio de superação
de medos, fugas e fraquezas!...
Em minha vida toda, meu Deus, estava escrito que tropeçaria
nas deficiências e dificuldades que trago comigo...
Estava escrito, não por Tuas
amorosas mãos, mas pela minha própria
fragilidade humana, que eu não seria capaz de
vencer a mim mesmo, que entre todas as tentações,
vícios, covardias e más tendências,
eu me enredaria mais uma vez e fracassaria...
Mas,
e como o meu coração se alegra hoje ante
esta constatação, está escrito
também que Tu modificas todos os dias o nosso
destino com a força do amor que nunca nos abandona,
e permaneces ao nosso lado, caminhando conosco, passo
a passo, até nos saber capazes e seguros para
seguirmos com nossas próprias forças,
rumo à glória que nos está destinada
em Teu reino eterno de Amor, Paz e Justiça, para
todo o sempre!
Assim seja!
Prece ditada por André Luiz
Instituto de Estudo, Pesquisa e Divulgação
Espírita André Luiz
Curitiba, PR