Inquietações na Terra existem muitas.
Temos
as que se demoram junto de nós, ao modo de vizinhos
de muito tempo, nos desgostos de parentes e amigos,
cujas dores nos pertencem de perto.
Encontramos
as que nos povoam o corpo, na categoria de enfermidades
crônicas, quais inquilinas indesejáveis.
Assimilamos
aflições de tipos diversos, como sejam
as declaradas e
as imanifestas, as injustificáveis e as imaginárias,
cujo tamanho e
propagação dependem sempre de nós.
Há,
porém, certa modalidade com que raramente contamos.
São aquelas que nascem de imprevisto.
Deflagram,
por vezes, quando nos acreditamos em segurança
absoluta.
Caem
à feição de raio fulminativo retalhando
emoções ou desajustando pensamentos.
São
as notícias infaustas:
-
os golpes morais que nos são desferidos, não
raro, involuntariamente, pelos que mais amamos;
-os
desastres de conseqüências indefiníveis;
-
os males súbitos que nos impelem para as raias
das grandes renovações.
Não
podemos esquecer essas visitas que nos atingem o coração
sem qualquer expectativa de nossa parte.
Compreendemos
que, em freqüentes episódios da existência,
estamos na condição de aluno que estuda
semanas e meses e até mesmo anos inteiros, a
fim de revelar a precisa habilitação num
exame de ligeiros instantes.
Entendamos
que, numa hora de crise, não são o choro
e nem a emotividade as posições adequadas,
e sim a calma e o raciocínio lógico, para
que possamos deter a incursão da sombra.
Para
isso, entesouremos serenidade. Serenidade que nos sustente
e nos ajude a sustentar os outros.
O
imperativo de oração e vigilância
não se reporta somente às impulsões
ao vício e à criminalidade, mas também
aos arrastamentos, ao desequilíbrio e à
loucura a que estamos sujeitos quando não nos
preparamos para suportar as provações
de surpresa, sejam em moldes
de angústia ante os desafios do mal ou em forma
de sofrimento para a garantia do bem.
(Estude e Viva - Andre Luiz - Waldo Vieira)