"Fora
da caridade não há salvação"
- seria simplesmente uma fachada histórica da
Codificação Kardequiana?
A
resposta negativa surge automática.
Essa
legenda constará, sem dúvida, de pórticos
e flâmulas, mas, na essência, é pensamento
vivo da Doutrina Espírita que no-la confia por
síntese dos postulados do Cristo, recordando-nos
que a caridade não existe para ser usada contra
os homens, e sim a favor da Humanidade.
A
virtude máxima não consistirá,
exclusivamente, na preocupação de alimentar
o estômago daquele que sente fome, mas também
para que se lhe aprimorem as qualidades inatas de trabalhador,
e se eleve ao nível dos que produzem a benefício
da comunidade, provendo, em conseqüência,
as próprias carências.
Não
atenderemos ao sublime princípio, apenas induzindo
o companheiro de alma entorpecida no ateísmo
ou na indiferença, a cultivar o facho ardente
da fé nos Poderes Superiores que governam a vida
e sim igualmente a cooperar com ele no desenvolvimento
do raciocínio, ajudando-o na aquisição
do discernimento justo à frente do bem e do mal,
de modo a não desertar da responsabilidade de
viver, sentir, falar e atuar, perante as Leis Divinas.
Eis
a razão porque a tarefa primordial do Espiritismo
não se fundamentará em condenar tacitamente
os erros dos outros, mas ergue-se em instituto natural
de orientação e corrigenda, inspirando-nos
a acertar sempre mais com a verdade que nos fará
livres da ignorância.
Também
não se apoiará em abraçar cegamente
todos os desejos dos semelhantes, a pretexto de lhes
açucararmos a existência, mas levanta-se
em escola de compreensão e fraternidade dentro
da qual aprenderemos a amar com equilíbrio e
proveito.
Caridade
é socorrer o próximo sem esquecer de lhe
valorizar e ampliar as faculdades positivas para que
o próximo preencha as finalidades a que se encontra
destinado pelos objetivos da vida.
É
auxiliar a outrem não só para a remoção
de necessidades e obstáculos, mas acima de tudo,
para que a pessoa auxiliada se faça mais útil
e mais nobre em si, porque todas as criaturas vivem
na carne para morrer bem e renascer sempre melhores.
Tal
é a lei.
(Sol
nas Almas - André Luiz - Waldo Vieira)