Entendendo-se
que todos os delinqüentes deitam de si oscilações
mentais de terrível caráter, condensando
as recordações malignas que albergam no
seio, compreendemos a existência das zonas purgatoriais
ou infernais como regiões em que se complementam
as temporárias criações do remorso,
associando arrependimento e amargura, desespero e rebelião.
Na
intimidade dessas províncias de sombra, em que
se agrupam multidões de criminosos, segundo a
espécie de delito que cometeram, Espíritos
culpados, através das ondas mentais com que essencialmente
se afinam, se comunicam reciprocamente, gerando, ante
os seus olhos, quadros vivos de extremos horror, junto
dos quais
desvairam, recebendo, de retorno, os estranhos padecimentos
que criaram no ânimo alheio.
Claro
está que, embora comandados por Inteligências
pervertidas ou bestializadas nas trevas da ignorância,
esses antros jazem circunscritos no Espaço, fiscalizados
por Espíritos sábios e benfazejos que
dispõe de meios precisos para observar a transformação
individual das consciências em processo de purificação
ou regeneração, a fim de conduzi-las a
providências compatíveis com a melhoria
já alcançada.
Semelhante
supervisão, entretanto, não impede que
estas vastas cavernas de tormento reeducativo sejam,
em si, imensas penitenciárias do Espírito,
a que se recolhem as feras conscientes que foram homens.
Aí permanecem detidas por guardas especializados,
que lhe são afins, o que nos faz definir cada
"purgatório particular" como "prisão-manicômio",
em que as almas embrutecidas no crime sofrem, de volta,
o impacto de suas fecundações mentais
infelizes.
Tiranos,
suicidas, homicidas, carrascos do povo, libertinos,
caluniadores, malfeitores, ingratos, traidores do bem
e viciados de todas as procedências, reunidos
conforme o tipo de falta ou defecção a
que se renderam, se examinados pelos cientistas do mundo
apresentariam à Medicina os mais extensos quadros
para estudos etiológicos das mais obscuras enfermidades.
Deduzimos,
assim, que todos os redutos de sofrimento, além
túmulo, não passam de largos porões
do trabalho evolutivo da alma, à feição
de grandes hospitais carcerários para tratamento
das consciências envilecidas.
REENCARNAÇÃO
- Dos abismos expiatórios, volvem à reencarnação
quantos se mostrem inclinados à recuperação
dos valores morais em si mesmos.
Transportados
à novo berço, comumente entre aqueles
que os induziram à queda, quando não se
vêem objeto e amorosa ternura por parte de corações
que por ele renunciam à imediata felicidade nas
Esferas Superiores, são resguardados no recesso
do lar.
Contudo,
renascem no corpo carnal espiritualmente jungidos às
linhas inferiores de que são advindos, assimilando-lhes,
facilmente, o influxo aviltante.
Reaparecem,
desse modo, na arena física. Mas, via de regra,
quando não se mostram retardados mentais, desde
a infância, são perfeitamente classificáveis
entre os psicopatas amorais, segundo o conceito da "moral
insanity", vulgarizado pelos ingleses, demonstrando
manisfesta perversidade, na qual se revelam constantemente
brutalizados e agressivos, petulantes e pérfidos,
indiferentes a qualquer noção da dignidade
e da honra, continuamente dispostos a
mergulhar na criminalidade e no vício.
Aqueles
Espíritos relativamente corrigidos nas escolas
de reabilitação da Espiritualidade desenvolvem-se,
no ambiente humano, enquadráveis entre os psicopatas
astênicos e abúlicos, fanáticos
e hipertímicos, ou identificáveis como
representantes de várias doenças
e delírios psíquicos, inclusive aberrações
sexuais diversas.
(Mecanismos da Mediunidade - Andre Luiz - Francisco
Candido Xavier)