Agosto
de Cinqüenta e três
Wanderlino
Arruda
Quando
Celso Brant dedicou toda a revista “Acaiaca” de
agosto de 53 a Montes Claros, comandavam esta cidade o Capitão
Enéas Mineiro de Souza e o Coronel João Lopes
Martins, duas patentes ainda bem vivas na lembrança
de leitores mais velhos, cada uma delas com personalidade
bem forte, à moda da época, revolucionários
e conservadores, marcantes de paixão, um tanto próximos
do caudilhismo com feição regional. A Câmara
Municipal, dirigida pelo flegmático João F.
Pimenta, tinha a respeitabilidade da década, uma saudosa
coerência de bom comportamento, fato que dos quinze
cidadãos com acento na casa, oito ainda estão
aí para servirem de testemunhas. Mas já não
temos o juiz Ariosto Guarinello, o bispo Luiz Victor Sartori,
o delegado José Coelho de Araújo, nem os colaboradores
da revista padre Agostinho Beckhauser, Nelson Viana, Alfred
Hannemann, José Monteiro Fonseca, Neném Barbosa,
Pedro Sant’Ana, Irmã Rudolfa e os poetas Geraldo
Freire e Dulce Sarmento. Deste time, já ninguém
mais para contar a história. Todos na longa viagem
da eternidade...
Com trinta e três anos passados, é bom que ainda
reste a lembrança de amigos como o professor Belisário
Gonçalves, figura e estilo tão próximos
de Castro Alves, e o reporte José Prates, o primeiro
jornalista de rua e de redação deste O JORNAL
DE MONTES CLAROS. Felizmente, bem vivos ainda, temos Felicidade
Tupinambá, João Vale Maurício, Konstantin
Christoff, Flora Pires Ramos, Luiz de Paula, Cândido
Canela, Irmã de Lourdes, Yvone Silveira, Orestes Barbosa
e Lourdes Martins. Também, embora distantes, mas em
lugares certos e sabidos, Áflio Mendes de Aguiar, Afonso
Pimenta e Feliciano Oliveira. Todos juntos, formaram um belo
corpo editorial, de prosa e poesia e desenho, agradáveis,
bem feitos, até com um lindo toque de romantismo pelo
muito amor a terra montes-clarense.
Confesso que o mais gostoso na velha revista “Acaiaca”
é o conjunto de anúncios, alguns até
de página inteira, muitos com ilustrações
interessantíssimas. Os leitores mais vividos que me
digam se estou ou não falando a verdade, se é
ou não salutar o direito de ter saudades. Quem não
lembra, por exemplo, do Big-Bar, do Salão Rex, do Assombro
da Pirotécnica de Marcianinho Fogueteiro, da Turmalina,
do Instituto de Beleza Gilda, da Casa Paulino, da Alfaiataria
Ribeiro, do Macarrão Iracema, do Bar de Tito Versiani?
Quem não tem ainda gravados na memória nomes
tão conhecidos como Hotel São Luiz, Casa Para
Todos, construtora, Ayres Alfaiate, Joalheria Cyma, Transportadora
Armênio Veloso, Farmácia Americana, Maternidade
Santa Helena? São gratificantes pedaços de lembranças,
coloridos no tempo e nos sonhos...
Tudo na revista é interessante, mas o sensacional mesmo
são as fotografias feitas pela mão de mestre
de José Figueiredo Pinto, também inesquecível.
Na página infantil, retratos dos garotos Jorge Enéas
e Catarina. Nas páginas de esportes, flagrantes de
momentos históricos das atletas do Montes Claros Tênis
Clube, Moema, Zembla, Glória, Eunice, Ilza, Marlene,
Shirley, Wilma, Norma Maria, Stela, Zenaide, Clarissa, Consolação.
No bloco da educação, fotos de alunas e professoras,
do Colégio Imaculada. Como fechamento de ilustração,
bonitos exemplares das raças gir e indubrasil das fazendas
de Dominguinhos Braga, Augusto Otávio Barbosa, Antônio
e Geraldo Ataíde.
Naquele tempo, o Banco do Estado de Minas Gerais ainda era
chamado de Banco Mineiro de Produção.
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