Abstrações
Wanderlino
Arruda
ARTE
– A arte, em qualquer parte e em qualquer época,
será sempre uma só no conjunto maravilhoso de
motivos e de motivações, dentro do que podemos
chamar de espiritualidade infinita. Ela reflete a alma humana
ou das coisas, no que há de mais legítimo, evoluindo
com os homens, crescendo quando crescem as civilizações,
materializando-se ou abstraindo-se numa síntese do
querer e do sentir, espelho cristalino das realidades interiores
de cada um e de todos. Representando a contemplação
espiritual de quantos a exteriorizam, será sempre a
manifestação da beleza eterna. A arte é
como que, em paralelo como a fé, o dom divino da criatura,
no criar e no meditar, no exprimir e no viver. A sabedoria
e o sentimento da arte não as duas asas com que a alma
se revela para a perfeição suprema.
AMOR – O amor é a lei própria da vida
e, sob o seu domínio sagrado, todas as criaturas e
todas as coisas se reúnem ao Criador, dentro do plano
grandioso da unidade universal. Em tudo, e também em
toda parte, observamos a exteriorização das
leis do amor. Vemo-lo desde as mais humildes manifestações
dos reinos da Natureza, na poeira cósmica, nas atrações
magnéticas, nas precipitações da química,
nas combinações minerais e vegetais. Nas expressões
da vida animal, observamos o amor em gradações
infinitas, que vão da violência à verdadeira
ternura. É, entretanto, nos caminhos da humanidade
que ele preside a todas as atividades da existência
em família e em sociedade, marchando sempre para sublimadas
emoções de espiritualidade pura, pela renúncia
e pelo trabalho santificante, até alcançar o
amor divino.
FELICIDADE – A felicidade legítima não
é mercadoria que se empresta. É realização
íntima. É graça dos céus, é
fortaleza moral, provêm do esforço contínuo
na direção do bem. É esperança
fiel que se fixa no coração. É fruto
de compreensão mais alta. É fonte cristalina
e inexaurível do verdadeiro amor ao próximo.
É trabalho, é ação, é boa
vontade. São bênçãos de luz que
jorram no coração e na alma de quem vive na
convicção de uma verdadeira causa.
A felicidade legítima é a paz interior, é
a consciência do verdadeiro cumprimento do dever no
passado e no presente. A felicidade legítima é
a certeza na fé, o coração na esperança
de um futuro melhor, é o otimismo sadio e seguro próprio
das grandes almas. A verdadeira felicidade não exige
grandes mananciais de condições positivas normais
para a alma comum, não é fruto condicionado
às riquezas da saúde, do dinheiro ou do poder
de mando. Não é resultado da vaidade bem atendida,
da ostentação ou do luxo. Só é
feliz quem sabe perder e suportar, sofrer e trabalhar, abençoar
e amar.
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