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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
IEPHA – Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de
Minas Gerais. Uma casa aconchegante.
Não é uma casa comum, porque cheia de histórias, a casa que
Haroldo Lívio comprou. “É obra granítica, com paredes de meia bra-
ça, a sustentar janelas coloniais, portas imensas, de duas bandas, com
pesadíssimas traves e ferrolhos, frutos, não só da segurança mineira
como da senhorial competência de suados ferreiros de antanho”, des-
creve o também poeta e escritor Wanderlino Arruda.
Havia sete meses que Haroldo Lívio não vinha a Grão Mogol,
apesar da casa montada e bem aparelhada que sempre emprestava aos
amigos de Montes Claros num gesto solidário, uma das muitas quali-
dades do amigo que foi enriquecer com a sua intelectualidade e o bom
coração as hostes celestiais.
Somente agora, após a sua partida é que interpretamos o re-
torno de Haroldo Lívio a Grão Mogol, há questão de um mês, como
uma maneira de inconscientemente se despedir da terra que ele amou,
assim como amou Brasília de Minas, onde nasceu; Porteirinha, onde
possuía cartório; e Montes Claros, onde viveu e se projetou como
intelectual.
A turma do Café Galo, de Montes Claros ficou empobrecida,
mas ao mesmo tempo se enriquecerá daqui por diante quando as pes-
soas recontarem os muitos contos da privilegiada cabeça de Haroldo
Lívio.
Na ocasião em que retornou a esta terra abençoada, ele veio
passar alguns poucos dias a fim de se preparar para uma cirurgia na
bexiga. Bem sucedida. Mas amigos dele confidenciaram que Haroldo
sentira muito a morte do irmão, Fernando Lívio de Oliveira, há cerca
de dez meses. Os pretextos podem ser vários para justificar a partida
definitiva de alguém quando é chegada a hora.
Esse grande amigo, que tanto dignificou Grão Mogol esteve
na cidade por ocasião da inauguração do Presépio Natural Mãos de
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