Se
eu pudesse te encontrar,
um dia, contaria, amor,
como minha vida ficou,
após desconstruída,
no que restou,
depois que tudo passou.
Pediria que sentasses lado a lado,
como fazíamos antes,
sob o luar que embalsamava
nossos corpos no presente.
Sem o jamais que ressente.
Ou passado que nos embale.
Assim suspensos no ar,
entre beijos alados,
vagando perigosamente,
eu te diria que meu amor
continua uivando por dentro,
escandalosamente.
Que fiquei presa
na cela úmida e escura
da minha solidão.
Nessa condição,
perdi nome,
endereço, lugar de família.
Virei loba, sem matilha.
Se um dia voltasses,
encontrarias no meu lugar
esta que perdeu tudo.
Fiquei sozinha, sem escudo.
Sem defesa e sem muro.
Sem teto que me cubra noite e
dia.
Perdida, surda e muda,
eu não quis mais ver ninguém.
Conversei com o Além,
como uma alma penada,
toda coberta de chagas.
Sem nunca ser encontrada.
Assim, mãos enlaçadas,
eu te diria, se um dia
voltasses para mim,
o que parece impossível
e difícil de acreditar:
- Eu sempre vou te amar...