Georgino
Jorge de Souza Jr.
Sobre
o amor
Não
fui o grande amor de mulher alguma:ouviram-me
bem?
Nunca fui o grande amor de mulher
alguma.
Fui sempre o sem rosto, o sem nome,
o último da fila, bêbado
de ternura,
enquanto as mulheres de davam a
outros com paixão.
Desapercebido,
passei ao largo dos amores loucos,
dos desejos incontidos das mulheres
nuas.
Não
fui senhor, nem vassalo do mundo
feminino,
que não desvendou em mim
a alma de menino,
o olhar de febre,
e estas rosas inúteis que
trago nas mãos.
In extremis
Insaciado,
quero mais.
Quero
o pleno,
quero o absoluto,
o infinito,
o demais.
E
mesmo me sendo impossível,
junto a tudo isso,
quero um jarro de paz.
Poema
da meia-idade
Assim
é que nos chega a madureza:
um certo pudor, um alheamento,
um medo das certezas.
E a inconfessada sensação
de que, a despeito do amor,
do poder e da riqueza.
É inútil,
é absolutamente inútil
em face do infinito,
qualquer tipo de proeza.
No alto das montanhas
Em Minas.
Nas montanhas de Minas,
a milhares de metros acima do nível do mar,
acima das cidades e dos nossos semelhantes,
ornarei teus cabelos
e brincaremos qual crianças.
Num lugar altíssimo
das montanhas,
inacessível aos pés humanos,
seremos de tal forma tão felizes,
que Deus, comovido,
nos guardará como filhos preferidos,
e nos terá sempre presos na lembrança.
Nosso amor não
combina com a insensatez aqui de baixo.
Um dia, querida,
Seremos felizes, os dois,
No alto das montanhas.