Ângelo
Soares Neto
Amor
nordestino
Lembras-te?
na varanda
Quase
à beira da praia,
Nós
dois, sozinhos,
Apenas
a lua por testemunha,
Na
rede brincávamos de fazer amor,
Aquele
amor nordestino, amor dengoso, amor
gostoso,
Com
cheiro de gente, com cheiro de flor,
Até
a lua brincava com a gente,
Deitando
e rolando entre as nuvens passantes,
Para
em seguida aparecer em todo seu
esplendor.
Ó
brisa gostosa, que batia em nossos
semblantes!
Com
sensação de paz, de ternura, de
amor,
Vinda
lá dos coqueiros próximos,
Enquanto
a rede em embalo de valsa,
Fazia
lentamente rem, rem, rem, pra lá e pra cá.
Acompanhando
o pulsar do teu coração amante;
Teus
beijos tinham o sabor das primeiras
carambolas,
Não
se sabe bem azedinhas de doçura,
Ou
se bem azedinhas de ingenuidade
por serem novas,
Eram,
no entanto, beijos que ficaram para
a eternidade.
Tudo
parou no tempo e no espaço,
Teu
olhar era apenas um quadro de ternura,
Teus
lábios uma réstia de saudades,
Teus
esvoaçantes cabelos acenos de amores
distantes.
Olhamos
em derredor para ver o que se passava,
Já
não mais havia a fulgência da lua,
Que,
como viera, recolhia-se lentamente
{ no
negrume do tempo,
Sós
ficamos até o chegar da madrugada,
Depois
de uma noite intensa de amor.