Há algum tempo, o Haroldo Lívio me perguntou
por “aquela” mensagem que eu havia escrito num
boletim cultural do Elos Clube de Montes Claros, lá
pelos idos de 1966, para ser levada a Belmonte, Portugal,
quando da minha visita à terra de Pedro Álvares
Cabral. Perguntou e até insinuou que deveria ser publicada
em jornal, relembrando tempos de antanho. É que ele
ajudou na redação de alguns períodos,
dourando-os com objetivos vigorosos, bem ao gosto da gente
lusitana, próprio para a ocasião festiva de
encontro de filhos d’aquem e d’além-mar,
sob a égide de um congresso internacional.
A
mensagem chegou a Belmonte, passando antes por Lisboa, sede
do encontro, por sinal dos mais sérios e presidido
pela maior capacidade cultural da raça, na época,
o professor Hernani cidade, que, tornando-se meu amigo, chegou
até a elogiar, em particular, a minha atuação,
temerária em muitos aspectos, parte por inexperiência,
parte por imaturidade. E que, no meio de tudo, eu defendia
a realidade da língua brasileira e não deveria
ser em Lisboa e Coimbra os locais de tão audaciosa
independência.
Por
fim, eis o conteúdo:
“Bentido
sejas, ó Pátria-mãe! Bendita sejas, ó
terra generosa e boa, que enobrece os filhos e exalta a história!
Bendito sejas, ó terra heróica e digna de que
Camões contou os efeitos! Abençoada seja o teu
solo, louvados sejam os teus mares e ditosos sejam os construtores
da tua grandeza!”
Não
importa, ó Portugal, o oceano largo que nos separa,
porque fortes e vigorosos são os laços da nossa
tradição, comum, inquebrantáveis são
os elos da nossa amizade de muitos séculos. Uma só
é a língua, uma só é a fé,
o mesmo e único é o sentimento de honra e de
patriotismo da raça lusitana.
Nós
te saudamos de todo o coração, de toda a alma,
às vésperas da realização do maior
e mais esperado encontro dos Elos da Comunidade Lusíada,
bem no seio da terra portuguesa. Saudamos Portugal e seus
elistas, como saudamos toda a brava e altaneira gente lusa.
Montes
Claros, como parte inseparável dos magnificentes e
só lidos liames da unidade lusíada, apresenta,
neste momento histórico de imutável e sempiterna
amizade, os melhores votos de paz, prosperidade e progresso
para toda a comunidade portuguesa, viva expressão de
cultura, de honradez e de amor ao trabalho: Portugal, pátria
do amor e da saudade, berço de heróis, poetas
e descobridores, receba o complexo forte e sincero dos seus
filhos d’Além Mar, os elistas do sertão
das Minas Gerais, que outrora enviava gemas para coroa d’El-Rei,
e hoje, presta seu tributo de amizade e respeito do povo irmão,
conquistador dos mares e bandeirante da fé cristã.
Que a convenção
Elista de Lisboa, nesta primavera, a primeira grande assembléia
internacional dos “ELOS” em solo europeu, seja
um marco inicial de grandeza e entusiasmo, segurança
incontestável da expansão dos nossos clubes
e do nosso ideal de preservação da cultura
e da amizade de nossa raça.
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