Montes
Claros e Hermes de Paula
Wanderlino
Arruda
Montes
Claros e Hermes de Paula, suas histórias, suas gentes
e seus costumes, que formidável grande amor! Como sabe
esta cidade gostar deste homem e como pode este homem amar
tão carinhosamente esta cidade! Para Montes Claros,
Hermes é o filho, o irmão, o companheiro, o
amante, a extremosa dedicação do pulsar constante
em seu favor o bem-amado, o sempre amado. Em toda parte, Hermes
de Paula: na medicina, na seresta, na literatura, nos serviços
comunitários, na sociedade, na história, no
folclore, em tudo. Para Hermes, Montes Claros a melhor cidade
do mundo e o encontro sagrado e existencial, plenitude de
beleza, de bem-entender, lembrança passado-presente,
vivência plena em ritmo de eternidade.
Perfeitamente definíveis o homem e o historiador, pois,
Hermes de Paula em Montes Claros nasceu e se criou, filho
de Basílio de Paula, nome de rua, e de D. Joaquina
Mendonça, nome de gene que espalhou família
por um mundão sem porteiras. Aqui estudado, aqui casado,
aqui vivido. Se saiu de Montes Claros por algum tempo, foi
para fazer cursos no Colégio Arnaldo, em Belo Horizonte,
e no Granbery, em Juiz de Fora. Dos anos morados em Niterói,
para a Faculdade de Medicina e para o estágio científico,
para cá voltou correndo logo depois de sabedor de tudo
sobre cobras, soroterapia e microbiologia, aprendido com o
papa do ofidismo, Vital Brasil, quase seu sogro.
Hermes de Paula, um homem de sorte, formado pela inteligência,
mas também por efeito de um prêmio de loteria,
sem o que talvez não pudesse ter aqui saído
ou à Faculdade não ter chegado. Hermes de Paula
foi sempre um ativista da cultura, ligado, ligadão
ao povo de sua terra. Sanitarista do Estado, chefe do Posto
de Saúde, diretor da Santa Casa, do Instituto Antônio
Teixeira de Carvalho, da Sociedade de Proteção
à Infância. Fundador da regional da Associação
Médica, idealizador do Pentáurea Clube, do Grupo
de Serestas João Chaves, hoje nacionalmente famoso,
também ajudou na criação do Colégio
São José, do Rotary Clube Montes Claros, do
Elos Club, da Fundação Norte Mineira de Ensino
Superior, da Faculdade de Medicina, da Academia de Letras,
do Cassimiro de Abreu e do Ateneu. Professor de muitas escolas,
professor de todas as escolas, membro da Comissão Mineira
de Folclore, do Instituto Histórico e Geográfico
de Minas Gerais, da Sociedade Brasileira de Folclore, da Sociedade
Sul Americana de Genealogia.
Foi Hermes de Paula quem fez a igrejinha do Rosário,
a nau catarineta da Praça Portugal. Foi Hermes quem
inspirou a construção da igreja do Morro do
Frade, aquela que Pedro Santos mandou fazer virada para a
fábrica de cimento. E não seria por causa de
Hermes de Paula que ainda existem catopês, marujos,
caboclinhos, canjica, paçoca, festa de São Pedro,
fogueira, quentão, licor de pequi, folclore, um tudo
de tradição de nossa Montes Claros? Será
que sem ele nossa memória poluída e industrial
já não teria enterrado todos os velhos costumes?
Um ótimo documento do seu trabalho e da sua vida, um
perfeito e representativo retrato é o livro Montes
Claros, Sua História, Sua Gente e Seus Costumes, que
é mais do que tudo Hermes de Paula, Montes Claros e
bom povo que a construiu. Lançado em 1957, quando o
centenário da cidade, que ele “inventou”,
o livro de Hermes de Paula tem sido uma espécie de
bíblia muito sagrada para quantos estudam nossa história
e nossas estórias e desejam saber os segredos do nosso
progresso.
Ler o livro de Hermes de Paula, além de aumentar grandemente
nossos conhecimentos, é, sem dúvida, uma tirada
de doces férias numa sentimental viagem pelo passado.
Uma doçura para o coração!
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