Filantropia
e comunidade
Wanderlino
Arruda
Do
grego PHILOS – amigo x ANTHROPOS – homem, significa
amizade pelo homem, pela espécie humana: sentimento
humanitário, altruísmo. Quase sinônimo
de fraternidade, filantropia é uma forma de amor universal,
em cujo caminho devemos trilhar, observando e ajudando a todos
os necessitados, desde os desvalidos da sorte até os
aparentemente mais felizes. Filantropia deve ser abnegação
sincera e legítima, em todos os sentidos da vida, em
toda cooperação verdadeira, pois quem cede de
si mesmo dá testemunho de solidariedade e de amor.
A filantropia, no sentido do atendimento, da assistência,
da busca de transferência da felicidade, é pura
caridade cristã. Ela inclui o nosso dever de esclarecimento
fraterno, a todo tempo que se faça útil e necessário,
pois esclarecer também é amar e ajudar construir
e edificar. Filantropia é prestação de
serviço – intelectual, material ou espiritual
– sem remuneração, sem constrangimento
à pessoa auxiliada.
E é exatamente no ponto de vista filantrópico
que devemos ver nossa comunidade, nossos companheiros de viagem,
dos difíceis trajetos da vida de nosso tempo, quando
tudo, cada vez mais se transforma em sérios obstáculos.
Se viver já é pesado, mais problemático
ainda é a convivência de cada dia no duro ritmo
de desesperados a que nós estamos acostumando, com
mil obrigações de toda espécie. Parece
até que já não somos irmãos, não
somos vizinhos, não dedicamos nossa felicidade à
felicidade do nosso próximo.
Como somos todos eternos necessitados, sempre carentes de
algo, e só aí o conceito igualitário
é possível, a filantropia transforma-se em lei
de assistência mútua, em cooperação,
em suave troca de benefícios comuns, para quem doa
e para quem recebe. O próprio ato de busca do aperfeiçoamento
pessoal, de iluminação íntima, já
é uma espécie de filantropia, uma vez que a
auto-educação contribui no planto geral para
a felicidade humana.
Uma coisa é certa: somos responsáveis pela boa
convivência, somos responsáveis ao menos por
um pouco de alegria, um pouco de cultura, um pouco de bem
estar da nossa comunidade. Se somos usufrutuários de
bens e conhecimentos encontrados à nossa disposição
quando tomamos conhecimento do mundo, somos por isso mesmo,
devedores e co-obrigados na melhoria social sob todos os pontos
de vista. Não é justo que deixemos nossa comunidade
da mesma forma que a encontramos: bom e certo é acrescentar-lhe
alguma coisa de nosso trabalho, algo de nossa inteligência,
alguma virtude, mesmo que pequena, de nosso coração.
Não há na verdade, bens produtivos em regime
de estagnação. Filantropia é dinamismo,
é movimentação de valores em direção
ao nosso próximo, é vivência em familiaridade
respeitosa com todos, em todo o tempo, em toda a parte. Filantropia
é a não retenção de excessos,
na despensa ou no guarda-roupa, no bolso ou na conta bancária,
assim, como dos objetos sem uso, ou mesmo de reservas outras
que podem estar encaminhadas aos serviços assistenciais.
Aliás, como disse o Apóstolo Paulo, falando
de caridade, o amor não folga com a injustiça,
mas folga com a verdade. O amor tudo tolera tudo crê,
tudo espera, tudo sofre. E amor é filantropia, filantropia
é caridade verdadeira.
|