Fernando
Pessoa
Wanderlino
Arruda
Foi
terça feira, em reunião do Rotary Clube, que
Luiz Pires Filho me chamou a atenção para os
cinqüenta anos da morte de Fernando Pessoa, perguntando-me
o que havia de comemorações sobre ele em Montes
Claros. Informei-lhe que a professora Yvone Silveira, juntamente
com alunos da FAFIL, está preparando um recital de
poesias tanto de Pessoa como dos seus heterônimos. Alberto
Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos, coisa de fim
de ano em faculdade, ocasião de provas que não
poderá ter grande repercussão, mas não
deixará de marcar a passagem mais importante da poesia
portuguesa deste século. D. Yvone foi sempre uma admiradora
do supra-Camões e não é esta a primeira
vez que ela se preocupa em destacar a obra de Pessoa, realmente
grata para uma mestra de literatura.
Também eu tenho muito a ver com Fernando Pessoa, principalmente
depois de um curso de pós-graduação na
Universidade Católica de Minas Gerais, com o professor
Oscar Mendes, lá pelos idos de sessenta e, depois de
um estudo minucioso que tive de fazer para um curso na Universidade
Federal de Juiz de Fora, quando a nossa FAFIL ainda engatinhava.
Além disso, juntamente com as professoras Dulce Sarmento
e Flora Pires Ramos, Joaquim Rodrigues Correia, Antônio
Ramos e José Almeida, tive oportunidade – daquelas
que acontecem uma vez na vida – de visitar a região
de Sintra, em Portugal, e ver, na Boca do Inferno, a enorme
caverna onde morreu de desastre o poeta, algo assombroso que
constitui a parte mais ocidental da Europa junto as água
do Atlântico. Assim, de muito tempo sou ligado à
vida, à morte e à poesia do escritor de muitas
facetas.
Agora, o mundo literário português volta-se para
um dos fenômenos mais importantes de nossa literatura,
em todos os tempos, o segundo Camões, considerando
os quase cem anos de nascimento (ele nasceu em Lisboa, em
1888) e os cinqüenta anos da sua passagem para o mundo
maior (em 1935), exatamente quando sua produção
estava beirando as raias da riqueza criativa e já começava
a ser reconhecida pelos interessados e pela crítica.
Já era tempo de se fazer uma boa divulgação
sobre a obra de pessoa, chamando as visitas do mundo lusitano
para uma poesia que deve ser lida e analisada por leitores
e estudiosos. Afinal, ninguém melhor do que nós
para valorizar o que é realmente nosso, de vez que,
sendo o poeta de formação inglesa (estudou na
Universidade Durban, na África do Sul e começou
a poetar em inglês), foi a nossa língua a de
sua escolha na vida e nas letras.
Impossível aprofundar na poesia de Fernando Pessoa
no diminuto espaço de uma publicação.
Aqui não faço qualquer comentário de
apresentação ou de crítica, deixando
o leitor, que ainda não o conhece, com uma justa curiosidade,
possivelmente até o domingo que vem, o que é
bom em termos de motivação. Por enquanto, digo
apenas que Fernando Pessoa era, a um tempo, ele mesmo e mais
punhado de concorrentes literários, pessoas distintas,
bem identificadas, com estilos e biografias próprias.
Alberto Caeiro, autor de O Guardador de Rebanhos, Álvaro
de Campos, de Ode Triunfal, Ricardo Reis, de Odes, e o próprio
Fernando Pessoa, de Chuva Oblíqua. Destacam-se ainda
um semi-heterônimo Bernardo Soares e um juvenil Chevalier
de Pas, do tempo em que o poeta era menino...
Voltarei, pois, ao assunto.
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