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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros                              Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
               Mês de junho: canjica, quentão                                                            Doca e Beto muito unidos, raspas do tacho familiar,
               Chapéu na cabeça, vestido de chita,                                                        Grudam na saia da mãe e como demoram a soltar...
               Laços, babados rodando no espaço                                                          Vendo e vivendo tudo isto, lá estávamos,
               Danças, quadrilhas, quintal ou salão,                                                     Zélia, Graça, Márcia e eu
               Pipoca, estrelinhas, traques,  foguetes,
               Pulando fogueira, soltando balão.                                                         Janelas e portas abertas,
               Mais adiante na idade,                                                                    Vizinhos, parentes ou não,
               Flertando os amigos  atrás dos irmãos                                                     Todos entravam, muitos ficavam.
               Lá estávamos nós,                                                                         E o milagre dos peixes e pães
               Zélia, Graça, Márcia e eu.                                                                Era prática  rotineira da mãe
                                                                                                         Que em casa e na escola educava,
               Aos manos meninos, do mais velho ao menor,                                                No coro da igreja cantava.
               Sete jovens saudáveis, bonitos e fortes                                                   Nas vocações sacerdotais atuava
               Eram poupados  serviços domésticos                                                        E ainda aos velhos do asilo assistia,
               Tarefas essas, restritas à mulher                                                         Trabalhando dia e noite, noite e dia
               Herança ancestral e cultura de época,                                                     O  vigor e a alegria, nunca perdeu,
               Que tomamos a providência de modificar.                                                   Podemos isso provar,
                Protestos  surgiram, no entanto sumiram                                                  Zélia, Graça, Márcia e eu.

               E eles passaram a ajudar.                                                                  Um dia veio um vento muito forte.
               É Verdade o  que digo,  podemos provar                                                    Varreu telhas, varreu chão...
               Zélia, Graça, Márcia e eu.                                                                Levou Seu Dário, levou Tuca
                                                                                                         E espalhou a família multidão.
               Tuca do Cassimiro, Carlinhos do Ateneu                                                    Era hora dos destinos, cada um buscar o seu,
               E nós  torcedores sem arquibancadas,                                                      Pois a vida é caminho que se faz no mundo e no tempo.
               Mudávamos de time, pra lá e pra cá                                                        E todos se foram pelas estradas do Ser
               O que dependia do agrado distribuído.                                                     Cada qual carregando em si, os outros,
               Lô, trabalhando  desde menino,                                                            No mais fundo do coração,
               Mãos abertas para a mãe ajudar,                                                           Pois, como disse o  poeta:
               Zé, no quintal,  celebrando missas,
               Desbravando  livros e idiomas,                                                            “Amor é fogo que arde sem se ver,
               Arrebatando em concursos de oratória.                                                     é ferida que dói, e não se sente;
               E a seguir, Tião, com  leveza                                                             é um contentamento descontente,
               Foge  do seminário : Paz e Amor, Bicho!                                                   é dor que desatina sem doer.

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