Misterioso
voo de Estevinho
Wanderlino
Arruda
Quando
chegar o momento escuro,
ou a luz maior,
me deixem no caminho dos viajantes:
serei cruz à beira da estrada.
Ouvirei passos, verei homens que bebem
café,
estranhos da madrugada.
Sentirei o calor da terra
e participarei de misteriosos voos.
Amarei
o sertão até na falta da
vida,
no dia quente ou o no frio vento da noite.
A mulher bonita me persegue
em festas para as quais não sou
convidado.
Sempre
que o piano toca,
meu sonho não quer me abraçar,
pois todos os bares estão lacrados,
está fechada a cidade,
e nem adianta beijar a mulher bonita.
É dia de balanço
e vou viajar para uma terra
onde tardes e madrugadas têm bom
parecer,
e o último trem já partiu.
Venha descalça, menina,
me encontre na próxima esquina.
Senta no passeio até eu poder chegar!
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