Krika
A.Oliveira
Ode
ao beijo
Beijar
o beijo do prazer;
Beijar o beijo da saudade;
Matar em fôlego esse querer;
Viver em afagos essa cumplicidade.
Beijar
o beijo do encontro;
Beijar o beijo amargurado;
Matar em segundos essa ansiedade;
Beijar o beijo calado.
Beijar
em vida esse momento;
Beijar o beijo do amor nessa viagem;
beijar o coração nessa
miragem;
Entregar a boca nesse movimento.
Beijar
o beijo amadurecido;
Aceitando o beijo da despedida;
Beijar a lágrima escondida;
Pedindo o beijo da conivência.
Beijar
a dor do beijo proibido;
Beijar a insanidade do beijo conquistado;
Beijar a expectativa no infinito;
Beijar a volúpia do beijo
almejado.
Viver
a paixão da vida em beijos;
Beber com sede lábios em
desejos;
Dialogar em sussurros esses lampejos;
Vibrar, oferecer, rimar, teus lábios
em beijos.
Naufrágio
Gosto
de deixar a deriva os pensamentos
de amor.
Principalmente quando acontece uma
despedida.
Embarco nesse adeus prolongado,
Querendo aportar numa ilha de carnaval.
Disfarço-me em bálsamo
e planejo inconsequências.
Não há luar de verão,
nem raiar do dia.
São tantas nostalgias e desejos,
Que as músicas desafinam
bêbadas.
Naufrágio avassalador.
Aversão ao socorro.
Apelo
O
meu apelo ao chamar-lhe é
só a consciência de
um sentimento chegando.
Maduro. No tempo certo de colher.
Que medo de não dar tempo!
O
meu corpo revela o seu entre espumas
perfumadas. Dentro de nossas extravagâncias.
Que aflição! Não
se debata.
Os
seus olhos tão profundos.
Lapidados para entregarem a mim.
Não os deixe perder-se no
mundo!
Que agonia!
Deixe-os sob meus cuidados. Eles
sempre estarão brilhando.
Contagiando-nos. Que prazer!
Seu
sorriso secreto de exato esmero
derrete meu coração.
Na planície soberba. Em ecos
retumbantes.
Que paixão!
O
meu apelo ao chamar-lhe é
só a consistência de
um desejo existente.
Quente. Definido. No tempo certo.
Que loucura perfeita!
O
meu apelo ao gritar seu nome no
eco é só pra pedir
para o vento trazer o meu nome como
resposta.
A minha poesia em súplicas
e apelos é somente inspiração
para matar a solidão do feriado.
Para matar a saudade de você.
Para lembrar de seu espaço
junto a mim.
Que febre!
O
meu apelo transborda o copo de vinho.
Os corpos embevecidos, embriagados
e convencidos sorvem das uvas.
Interpretam os acordes e compassos
do coração e devassam
nosso amor sem vexame algum.
O
meu apelo agride sua consciência.
Aguça seu prazer. Perverte
seu ser.
Cala sua língua úmida
na minha.
Vem, há tempo...
Vem, ouça o eco de nossos
nomes no paraíso.