Belmiro
Braga
Palavras
ao coração
Lá
se o rio sai do leito,
no dia de inundação,
tu não podes do meu peito
sair fora, coração.
Vão do rio as grandes águas
inundando o campo infindo
como vão as minhas mágoas
para os meus olhos subindo.
O rio findando o inverno
sua antifa feição
toma.
E tu vais rugindo eterno
coração que ninguém
doma.
Se o desamor não toleras?
Não te entendo, coração,
tu vais rugindo, ererno,
entre as grades da prisão.
Coração, nem mais
um salto,
fica já sossegadinho
não queiras subir tão
alto
que te cansas no caminho...
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