Meu
amigo Hélio C. Teixeira
Wanderlino
Arruda
Contato
de leitura de jornal, nem sei
de quantos anos. Muito e muito
tempo, pois sempre fui um leitor
constante de Hélio C.
Teixeira, um acompanhador semanal
de suas publicações,
um eterno companheiro de página
ao lado, pois ele sempre escreveu
no alto da segunda e eu no alto
da terceira. Contato de correspondência
começou quando da edição
do meu livro “Tempos de
Montes Claros”, que lhe
enviei a conselho de Waldyr
Senna, que me deu o endereço
no Rio de Janeiro.
Foi em 1978, quando recebi,
logo em seguida, a sua primeira
carta em letras perfeita, limpa,
escorreita na gramática
e na semântica, um cuidado
de encantar. Hélio falava
dos meus escritos já
como um companheiro velho de
muitas leituras, um analisador
rigoroso até dos melhores
amigos, um atento crítico
de tudo que é. Sua carta
foi o início de uma maravilhosa
amizade.
Hoje,
quando o tempo permite, chegamos
a trocar cartas duas ou três
vezes por mês. Ele, de
uma assiduidade que dá
inveja, quase sempre respondendo
ou provocando novo assunto no
mesmo dia em que recebe uma
carta minha, com aquela letra
inconfundível de mestre,
serena, bem posta, prosa delineada
de quem tem um incrível
gosto de viver e de amar os
amigos. Com que prazer, como
me sinto honrado a cada correspondência
de Hélio C. Teixeira!
Nelas temos tratado dos mais
interessantes assuntos, dos
comentários sobre escritos,
sobre amigos que se tornam comuns,
sobre assuntos da terra e do
céu, sobre psicologia,
sobre um eterno desejo de nos
encontrarmos para um almoço
ou um jantar, que não
ainda permitiu o destino pois
só tenho passado no Rio
de raspão, no aeroporto
ou no carnaval. Nossa última
descoberta comum esteve no campo
da grafologia, ciência,
ou paraciência que estudamos
há longos anos e que
nos leva a conhecer um bocado
de coisas das letras que nos
vêm às mãos
e os olhos. E quanto tempo nos
acompanhamos um ao outro, sabendo
de particularidades nunca reveladas!
Só recentemente ele me
falou dos meus segredos e eu
pude falar também dos
deles!
Hélio
tem me apresentado seus inúmeros
amigos por todo o grande Brasil,
a quem tenho mandado livros
e de quem tenho recebido inúmeros
também, aos quais tenho
escrito cartas e deles tenho
sido gratificado com divinas
palavras de carinho e consideração.
Por intermédio deles
meus livros têm merecido
comentários em jornais
e em cadernos literários,
têm corrido mundo que
eu nunca poderia esperar. Seus
amigos se tornam também
meus amigos, e é pela
correspondência de cada
um que vejo quanto o Hélio
C. Teixeira é amado neste
País. Todos falam dele
com uma dimensão de louvor,
com uma estima tal que só
amizade sincera pode ditar,
jeito de ser que só o
muito tempo sabe construir.
E acho tudo muito merecido e
agradeço a Deus por esse
patrimônio monumental
de riqueza de amo que o Hélio
possui.
Muito
tenho aprendido com o meu amigo
e companheiro de letras. Dele
tenho recebido correções
de rotas, orientações,
conselhos e até elogios
que não poucos, já
que os amigos por demais são
generosos. Hélio C. Teixeira
tem sido uma luz na minha vida.
Cada carta, cada palavra sua
é como um solidificar
de projetos nas letras e no
espírito. Um verdadeiro
irmão. E como o Hélio
é muito discreto e nunca
se revela nas suas crônicas
semanais, deste JORNAL DE DOMINGO
e de um universo de outros jornais
brasileiros, fico na obrigação
de revelar-lhe alguns traços
para os nossos leitores. Hélio
é advogado no Rio de
Janeiro há mais de cinqüenta
anos, casado, morador da Zona
Sul, poeta e crítico
literário desde a juventude.
Politicamente conservador, espiritualista
eclético, leitor sem
moderação, é
dono de uma cidadania que não
tem tamanho de brasilidade.
Acima de tudo, para nós,
um grande admirador desta nossa
Montes Claros.