Rufino
Coelho, um homem de ouro
Wanderlino
Arruda
Quase carioca, mas diamantinense,
sincero homem de Montes Claros,
Rufino Coelho viveu bem vividos
quase setenta anos. Vida discreta,
de alegria cometida, mas, de
constante e sincera amizade
com seus muitos amigos. De Montes
Claros, Rufino foi quase quarenta
anos, pois, desde os idos de
quarenta e cinco já estava
no centro da cidade com a Joalheria
Pádua e Coelho, com vitrines
e oficina cheinhas de ouro e
coco de pratas e cristais e,
com eles, retratos de artistas
bonitas do cinema americano,
olhos claros e cabelos cacheados...
Nesse tempo, Rufino era sócio
de um joalheiro famoso de Diamantina,
o Sóter Pádua,
filho de outro ainda mais famoso,
o Antoninho. É que o
nosso Rufino havia trabalhado
lá, na terra do Juscelino,
durante os anos da mocidade,
onde se tornou um habilidoso
artesão na arte do coco-e-ouro,
interessado, criativo em muitos
tipos de jóias e enfeites.
De lá para cá,
foi um passo, o que acredito
foi muito melhor para nós...
Nascido
em Silva Jardim (quem se lembra
da Silva Jardim, um nome muito
conhecido, de um grande brasileiro
que morreu em erupção
do Vesúvio, na Itália?),
no Rio de Janeiro, dois anos
antes de terminar a Primeira
Grande Guerra, mais precisamente
em 1916, e é por isso
que é quase carioca.
Caçula de uma família
de 21 filhos, criado em fazenda,
cresceu aprendendo o rigor de
quem, no meio de família
numerosa, vive sem privilégios,
onde os pais chegaram a esquecer
momentaneamente os nomes dos
seus descendentes. Deve ser
por essa razão que se
tornou muito independente, pouco
dividindo dores ou alegrias,
mesmo com os mais íntimos,
jamais gostando que as pessoas
tomassem conhecimento dos seus
problemas. Teimoso, arredio,
nunca soube desistir daquilo
que achava justo e correto.
Nascido em 21 de abril, tinha
como companheiro de aniversário
um seu companheiro de Rotary
Clube, ainda mais cheio de vontades
do que ele: Antônio Lafetá
Rebelo.
Rufino
era artista não só
dos metais de alta nobreza,
a platina, o ouro, a prata,
ligas tão raras nos dias
de hoje, era sincero amante
da música clássica,
conhecendo muito bem os melhores
autores, e entre eles, o que
havia de melhor nas suas composições.
Ouvia-os sempre, na cidade ou
na fazenda e, nessa doce atividade,
soube aproveitar cativantes
momentos de descontração.
Rufino era também excelente
fotógrafo, de cliques
e de laboratório, no
que sempre demonstrou engenho
e arte, técnica e satisfação.
Adorava fotografar e se encantava
na esperadas imagens.
De
luxo nenhum, simples, metódico,
cuidou de ser sempre um homem
muito cuidadoso. Em casa, no
trabalho, nas viagens –
e como Rufino sabia apreciar
as viagens – estava sempre
bem vestido, daquele tipo de
apronto que tanto serve estar
na varanda da própria
casa como num jantar do Rotary
ou do Elos, ou mesmo saindo
ou chegando no Quarteirão
do Povo, onde ficava seu trabalho.
Rufino soube viver bem, vida
sem pressa, bonita, admirada,
de bom profissional , bom chefe
de família, de colega
membro de clubes e de sindicatos
e de associações,
pois, sempre ligado aos interesses
da comunidade. Vida útil
e exemplar. Vida que merece
nota de destaque.
Deve
ser por todo um mundo de qualidades
que Rufino deixou-nos muitas
saudades. Agradáveis
saudades!