Adélia
Miranda: 25 Anos de FAFIL
Wanderlino
Arruda
Quase
fim de 1988, vejo hoje Adélia
Miranda, doce e querida amiga,
como a vejo e tenho visto desde
os dias em que, quase menino,
cheguei a Montes Claros. Ela,
também garota, novinha,
estudante não me lembro
se do Colégio ou do Instituto,
era colega de Mary, filha de
Dona Tonica, proprietária
da pensão onde fiquei
morando. Adélia fazia
parte de um lindo grupo de Tiana
Osório, Belvinda e Lola
Chaves, amigas da Mary, tudo
gente fina, do melhor trato,
um resumo social do melhor que
havia. Não demorou muito
e todas se viram ligadas a mim,
acredito mais pelo inglês
que eu sabia e lhes era útil
do que propriamente pela minha
alegria de viver e pelo meu
espírito brincalhão
que as fazia rir o tempo todo.
Elas granfinas, elegantes, bem
postas na vida. Eu, pobre estudante
e balconista de duas mudas de
roupa, um só par de sapatos,
provinciano, salvando-me apenas
pela garra de trabalho e estudos
e pela confiança no destino
que poucos jovens do mundo poderiam
ter.
Mentalmente, escrevendo esta
crônica, vejo Adélia
ainda em nossa sala de estudos
da casa de Mary, janela para
a Rua Afonso Pena, esquina com
a Padre Marcos, aquele bequinho
que saia do Colégio.
Fugindo das horas movimentadas
do almoço e do jantar,
o ambiente fazia silêncio
para as almas jovens, interessadas
e estudiosas. Pouco se falava
de namoros, de cinemas, de “footing”,
mas muito de gramática,
de história, de geografia,
de latim, territórios
em que eu, mesmo nos primeiros
dias, já circulava com
a maior desenvoltura, inclusive
com experiência de redação.
Tempo gostoso e bom, quando
eu me sentia importante, bem
visto, cortejado por uma admiração
que podia ser notada facilmente
nos olhos de cada uma. Afinal,
como podia aquele garoto de
São João do Paraíso
saber tanta coisa que a escola
não lhes ensinara? Adélia,
então, chegava a fazer-me
confidências do quanto
os nossos encontros eram agradáveis
e proveitosos. Ninguém
faltava. Ninguém atrasava.
Era satisfação
que transitava em todas as direções!
Muitos anos depois, já
longe das escolas secundárias,
separados pelo trabalho e pela
própria dinâmica
da vida, vejo-me, de novo, junto
a Adélia nos primeiros
dias de Faculdade de Filosofia,
quase no mesmo espaço
geográfico da Pensão
da mãe de Mary, uma vez
que a FAFIL se instalou exatamente
no prédio do Colégio
das irmãs. Lá
estava Adélia, secretária
de todas as horas, doçura
de amizade, consideração
sem igual, sempre presente em
alma jovem e sincera, raro privilégio
da vida. Adélia da mesma
simpatia, sabor de mel no convívio
ameno e prazeroso, suave em
todos os momentos! “Quem
não gosta de Adélia,
de quem gostará?”,
eterna pergunta que a beleza
de sua própria voz apresenta
nos cantos das serestas tão
vivas de Montes Claros! Doce
Adélia, que agora completa
vinte e cinco anos de FAFIL,
tão amada quanto no início!
Estimada, admirada, querida
de todos, linda presença
de uma eficiência sem
igual. Adélia, a própria
FAFIL! Se não existisse,
teria de ser inventada!
De todos estes anos de FAFIL,
também com Belvinda,
com Lola, com tantos e notáveis
companheiros e companheiras
de estudo e de trabalho, jamais
será esquecida a figura
quase santa de Adélia
Miranda, grande secretária!
Para este primeiro quarto de
século, muitos tributos
ainda serão cobrados
em favor da importância
do trabalho de muitos dirigentes,
de centenas de professores,
de funcionários estimadíssimos,
até de um punhado de
bons alunos. Nenhuma figura,
entretanto, em nenhuma época,
será tão importante
como a de nossa doce Adélia,
grande Adélia Miranda
amada e protegida de Deus e
de todos os deuses da amizade
e do amor!
Que o futuro lhe seja sempre
luminoso e cheio de sonoridades.
Tão lindo como as suas
melodias na seresta de nossa
Minas Gerais!