Não
somos uma ilha
Wanderlino
Arruda
A
mudança da vida neste fim
de século e de milênio
tem sido muito mais real do que
qualquer pessoa poderia imaginar
até poucos anos atrás.
E por mais indagações
que façamos, por maiores
que sejam as projeções,
não acredito que haja clarividência
suficiente para uma antevisão
segura dos próximos quinze
anos, quando chegaremos ao ano
2.000. Tudo é muito vertiginoso
em matéria de acontecimentos.
A manchete de hoje cedo já
não servirá para
hoje à noite. Parece que
nada merece mais duração
maior. É rara a notícia,
o comentário, um ponto
de vista, algo dos meios de comunicação
de massa que dure mais de uma
semana. É a mobilidade
do mundo, tudo uma espécie
de mergulha de ponta-cabeça
que não tem fim.
É claro que, com tudo isso
o ser humano, ávido de
curiosidade, sai em busca de respostas
à cata de pesquisa, à
procura de informação
segura e durável. Mas,
como encontrar? Nas páginas
dos livros, na filosofia, na ciência,
no misticismo, nos cultos? Onde?
Nos jornais e revistas, na televisão
e no rádio? Ninguém
sabe, minha senhora, pelo menos
ninguém tem dado resposta
que venha contentar a maioria.
A vida, realmente, terá
se tornado uma grande luta, nem
sempre leal, muitas vezes uma
briga de foice no escuro. Já
não mais o futuro, mas
o próprio presente se torna
uma grande incógnita. Tudo
é transformação.
Mas como ficar parado não
é possível, desistir
não é justo, todos
nós, pobres mortais, temos
de fazer alguma coisa, contribuir
com algo, mesmo que seja uma gota
d’água num oceano
de esforços necessários.
Se sozinhos não somos capazes
de grandes realizações,
juntos, nosso poder é maior.
Porventura, não é
a adversidade veículo para
a redenção? Acaso
não é o tropeço
fator evolutivo? Não é
o momento pior em nossa vida a
hora da criatividade, a busca
da solução? É
preciso fortificar nossa fé,
solicitar o sentido maior de confiança
em nós mesmos e em nossos
companheiros de romagem terrena,
buscar aquele estímulo
eterno que vem constante da Fonte
Divina, sempre sábia e
perfeita.
Como não somos uma ilha,
não podemos nos isolar
da realidade, não temos
o direito da ausência ou
da omissão, preparamo-nos
para a tarefa de hoje e de amanhã,
certo de que cada degrau subido
é mais uma vitória
na escalada da nossa existência,
representa um resultado de trabalho
e amor. Nunca a solidariedade
foi tão importante como
nos dias atuais. Nada indica que
a solução esteja
fora dos sentimentos fraternos,
da busca da paz e do respeito.
Importante, pois, a união
com otimismo e franqueza. Muito
importante o perdão. Bem
diz o Evangelho que é o
amor que salva a multidão
de pecados. E amar é perdoar
sempre, como perdoar é
a realização do
amor.