José
Comissário Fontes
Wanderlino
Arruda
Fontes,
o companheiro, o irmão,
o amigo, já não
se encontra materialmente entre
nós. Há poucos dias,
em uma grande viagem pela eternidade,
deixou este agitado vale de dificuldades,
que está sendo o nosso
mundo do terceiro quartel do Século
XX. Uma viagem de ida ou de retorno,
não importa, mas uma saída
que marca saudades em todos que
lhe queriam muito bem, que no
total, são milhares de
corações, aqui,
em Montes Claros, em Ervália,
onde nasceu, em Belo Horizonte...
Alhures... Fontes era homem de
muitos amigos, de admiração
séria, devotada, carinhosa.
Criatura de reconhecimento e respeito,
pois, mesmo no centro de revolto
mundo de armadilhas e problemas,
foi sempre pessoa de bem, espírito
de escol.
Bom brasileiro, bom mineiro, antes
e depois de bom montes-clarense.
Um devotado à causa do
trabalho silencioso, do trabalho
constante, mais direcionado para
o seu semelhante do que a si mesmo.
De esforços multipluralistas,
viveu sem descansos, impregnado
do melhor sentido da vida, sem
abatimentos desnecessários
por tristeza que não podia
evitar, sem alegrias desmedidas
fora do seu feitio de sisudez.
Acredito sinceramente que Fontes,
sem ter nascido em Montes Claros,
foi, nas quatro últimas
décadas, um dos melhores
representantes desta terra, comedidamente
amado e desmesuradamente amante
de tudo que é nosso. Fontes,
o trabalhador, o operário
do bom serviço, sempre
membro ativo da comunidade.
Fontes veio para Montes Claros
em 1942, algum tempo depois de
ter feito do curso ginasial em
Juiz de Fora, na Academia de Comércio.
Chegou já na profissão
que adotaria por toda a vida,
a atividade comercial no ramo
dos calçados. Antes, havia
passado por Ponte Nova, Belo Horizonte,
Rio de Janeiro, num caminho do
autodidatismo da vida, aprendendo
e praticando, tornando mais rica
a cultura, construindo a sabedoria
das grandes almas, aprendendo
a agir e servir, elegendo como
norma o amor, o verdadeiro amor
cristão, voltado para a
felicidade. Aqui chegou, aqui
venceu.
Rotariano, a partir de 1951, ainda
em companhia de João Souto,
nos bons tempos de Niquinho Teixeira,
de Nozinho Figueiredo, de Moreira
César, pouco tempo depois
de Sebastião Sobreira.
Um rotariano consciente de lema
‘dar de si antes de pensar
em si’, compenetrado nos
direitos e obrigações
da sociedade. Cursilhista dedicado,
organizador de primeira hora,
líder, fraternalmente irmão,
entusiasta, sindicalista, sempre
ligado ao Sindicato do Comércio
Varejista, à Federação
do Comércio, foi ele o
grande herói do SESC, conseguindo
trazer para Montes Claros esse
trabalho maravilhoso de que todos
somos reconhecidos. Foi colaborador
direto na criação
de empresas e entidades de interesse
público, como a Companhia
Telefônica, a Companhia
de Águas e Esgotos, a Associação
Comercial e Industrial. Incentivador
do Mobral em nossa região,
provedor da Santa Casa, Presidente
do Rotary Club de Montes Claros
– Norte e muitas outras
atividades de inteligência
e do coração.
Fontes, um jorrar de trabalho
e de esforços para o bem
comum, não será
esquecido. Cumprindo bem sua missão,
em passagem não muito longa
pela vida, gravou indelevelmente
o bom exemplo.
Merece a nossa saudade e o melhor
do nosso reconhecimento.