MONTES CLAROS, SESSENTA ANOS ATRÁS
Quando Celso Brant dedicou toda a revista ACAIACA de agosto de 53 a Montes Claros, comandavam esta cidade o Capitão Enéas Mineiro de Souza e o Coronel João Lopes Martins, duas patentes ainda bem vivas na lembrança de leitores mais velhos, cada uma delas com personalidade bem forte, à moda da época, revolucionários e conservadores, marcantes de paixão, um tanto próximos do caudilhismo com feição regional. A Câmara Municipal, dirigida pelo flegmático João F. Pimenta, tinha a respeitabilidade da década, uma saudosa coerência de bom comportamento. Dos quinze cidadãos com acento na casa, nenhum mais aqui para servir de testemunha. Também já não temos o juiz Ariosto Guarinello, o bispo Luiz Victor Sartori, o delegado José Coelho de Araújo, nem os colaboradores da revista padre Agostinho Beckhauser, Nelson Washington Vianna, Alfred Hannemann, José Monteiro Fonseca, Neném Barbosa, Pedro Sant’Ana, Irmã Rudolfa e os poetas Geraldo Freire e Dulce Sarmento. Ninguém mais para contar a história, pois todos na longa viagem da eternidade...
Com sessenta anos passados, é bom que ainda reste a lembrança de amigos como o professor Belisário Gonçalves, figura e estilo tão próximos de Castro Alves, do repórter José Prates, nosso primeiro jornalista de rua e de redação, ainda no batente, escrevendo do Rio de Janeiro para o Montesclaros.com. Também já ausentes do plano físico, Felicidade Tupinambá, João Vale Maurício, Konstantin Christoff, Flora Pires Ramos, Cândido Canela, Irmã Maria de Lourdes, Orestes Barbosa e Lourdes Martins, Áflio Mendes de Aguiar, Afonso Pimenta e Feliciano Oliveira. Vivos, bem vivos, muito vivos, aproximando-se gloriosamente dos cem anos, Luiz de Paula Ferreira e Yvonne Silveira, companheiros da Academia Montesclarense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros. Todos juntos, formaram um belo corpo editorial, de prosa e poesia e de desenho, agradáveis, bem feitos, até com um lindo toque de romantismo pelo muito amor a terra montes-clarense.
Confesso que o mais gostoso na velha revista ACAIACA era o conjunto de anúncios, alguns até de página inteira, muitos com ilustrações interessantíssimas. Yvonne Silveira e Luiz de Paula que me digam se estou ou não falando a verdade, se é ou não salutar o direito de ter saudades. Quem – dos mais velhos - não se lembra, por exemplo, de nomes importantes como, Casa Alves, Imperial Casa Ramos, Big-Bar, Salão Rex, Joalheria Coelho, Assombro da Pirotécnica, Casa Elza, Loyola e Companhia, Turmalina, Instituto de Beleza Gilda, Casa Paulino, Alfaiataria Ribeiro, Macarrão Iracema, Bar de Tito Versiane? Quem não tem ainda gravados na memória nomes tão conhecidos como Hotel São Luiz, Hotel São José, Hotel Santa Cruz, João Souto Consignações, Casa para Todos, A Construtora, Ayres Alfaiate, Joalheria Cima, Transportadora Armênio Veloso, Farmácia Americana, Maternidade Santa Helena? São gratificantes pedaços de lembranças, coloridos no tempo e nos sonhos...
Tudo na revista é interessante, mas o sensacional mesmo são as fotografias feitas pela mão de mestre de José Figueiredo Pinto, também inesquecível. Na página infantil, retratos dos garotos Jorge Enéas e Catarina. Nas páginas de esportes, flagrantes de momentos históricos dos atletas do Montes Claros Tênis Clube, Moema, Zembla, Glória, Eunice, Ilza, Marlene, Shirley, Wilma, Norma Maria, Stela, Zenaide, Clarissa, Consolação. No bloco da educação, fotos de alunas e professoras, do Colégio Imaculada. Como fechamento de ilustração, bonitos exemplares das raças gir e indubrasil das fazendas de Dominguinhos Braga, Osmane e Neném Barbosa, João Alencar, Antônio Augusto e Geraldo Athayde.
Naquele tempo, havia os Bancos do Brasil, Hipotecário e Agrícola, Minas Gerais, do Comércio, Crédito Real. Não havia Banco do Nordeste. O Banco do Estado de Minas Gerais ainda era chamado de Banco Mineiro de Produção.
Voltar