Chico Xavier passava por uma crise de labirintite, que muito o afligia. |
Em oração, viu o Dr. Bezerra de Menezes, o generoso Benfeitor espiritual. E ele, sorrindo: – Você, besta, Chico? E eu, quem sou? – O senhor é o veterinário de Deus. Chico contou este episódio num programa de televisão, quando lhe perguntaram se os Espíritos também apreciam momentos de humor. Destacou que sim, informando que o Dr. Bezerra recebeu com gostosa gargalhada sua observação. ***** Considerando-se o humor como um estado de espírito, obviamente iremos encontrar, assim como no plano físico, gente bem ou mal-humorada do outro lado. Diríamos mesmo que um dos detalhes a levar em consideração, quando se pretenda identificar a condição das entidades que se manifestam em reuniões mediúnicas, diz respeito ao seu humor. Espíritos irritados, agressivos, certamente nos lembram o refrão do samba famoso, de Dorival Caymmi: Quem não curte o bom humor, Espírito bom não é. ****** Vale, também, para os reencarnados. O bom humor é a marca registrada dos Espíritos Superiores, em trânsito pela Terra. Enfrentam os dissabores da existência, lutas e desafios, sem jamais pretenderem que carregam o peso do Mundo nas costas. O próprio Chico, embora sua infância atribulada e as lutas que enfrentou durante a existência inteira, estimava a alegria. Revelam os que tiveram a ventura de privar de sua intimidade que ele estava sempre animado, disposto a ressaltar aspectos positivos de seu dia-a-dia, sem tempo ruim. Allan Kardec – quem diria! –, que muitos imaginam sisudo e circunspeto, não era nada disso. Quem o revela é Henri Sausse, contemporâneo e biógrafo do Codificador (O Principiante Espírita, 15. ed. FEB, p. 47.): Erraria quem acreditasse que, em virtude dos seus trabalhos, Allan Kardec devia ser uma personagem sempre fria e austera. Não era, entretanto, assim. Esse grave filósofo, depois de haver discutido pontos mais difíceis da psicologia e da metafísica transcendental, mostrava-se expansivo, esforçando-se por distrair os convidados que ele freqüentemente recebia na Vila Ségur; conservando-se sempre digno e sóbrio em suas expressões, sabia adubá- -las com o nosso velho sal gaulês em rasgos de causticante e afetuosa bonomia. Gostava de rir com esse belo riso franco, largo e comunicativo, e possuía um talento todo particular em fazer os outros partilharem do seu bom humor. Espíritos que se destacam nos campos do Bem e da Verdade, bem à nossa frente no exercício de viver, demonstram claramente que tristeza não paga dívidas. Os sofrimentos maiores que enfrentamos não decorrem dos percalços da existência, mas do fato de não sabermos encará-los com bom ânimo e, mais que isso, não sabermos sorrir. Afinal, a vida é um espelho em que nos miramos.
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