AMENIDADE |
“Bem-aventurados os mansos porque eles herdarão a Terra.” - Jesus - Mateus, 5: 5. “A benevolência para com as seus semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que lhe são as formas de manifestar-se.” Surgem, sim, as ocasiões em que todas as forças da alma se fazem tensas, semelhando cargas de explosivos, prestes a serem detonadas pelo gatilho da boca... Momentos de reação, diante do mal, em que a fagulha da, mágoa, assoma do intimo, aviventada pelo sopro do desespero. Entretanto, mesmo que a indignação se te afigure justificada, reflete para falar. A palavra, não foi criada, para converter-se em raio da morte. Imagina-te no lugar do interlocutor. Se houve deficiência no concurso de outrem, recorda os acontecimentos em que o erro impensado te marcou a presença; se algum companheiro falhou, involuntariamente, na obrigação, pensa nas horas difíceis, em que não pudeste guardar felicidade ao dever. Em qualquer obstáculo, pondera que a cólera é bomba de rastilho curto, comprometendo a estabilidade e a elevação da vida onde estoura. Indiscutivelmente, o verbo foi estabelecido para que nos utilizemos dele. O silêncio é o guardião, da serenidade, todavia, nem sempre consegue tomar-lhe as funções. Isso, porém, não nos induz a transfigurar a cabeça num vulcão em movimento, arremessando lavas de azedume e inquietação. Conquanto se nos imponha dias de franqueza e esclarecimento, é possível equacionar, harmoniosamente, os mais intrincados problemas sem adicionar o fogo da violência as parcelas da lógica. Dominemo-nos para que possamos controlar circunstâncias, chefiemos as nossas emoções, alinhando-as na estrada do equilíbrio e do discernimento, de modo a que nossa frase não resvale na intemperança. Guardar o silêncio, quando preciso, mas falar sempre que necessário, a desfazer enganos e a limpar raciocínios, entendendo, porém, que Jesus não nos confiou a verdade para transformá-la numa pedra sobre o crânio alheio e sim num clarão que oriente aos outros e alumie a nós.
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