FAZER A DIFERENÇA |
Em 1968, foi inaugurada a histórica ponte do rio Yangtzé, na cidade de Nanquim, na China. Desde então, mais de mil pessoas já pularam dos seus cem metros de altura, diretamente para a morte. Depois que leu, na imprensa, reportagens sobre o suicídio, que constitui, naquele país, a principal causa de morte de pessoas entre quinze e trinta e quatro anos, Chen Si tomou uma atitude. Todos os finais de semana, há um ano, ele deixa o seu modesto apartamento, onde vive com sua mulher e uma filha pequena, e parte para a ponte. Costuma chegar cedo, por volta de 7h30. Leva consigo uma garrafa térmica de chá. Usando boné e óculos escuros para escapar do sol escaldante, ele se transformou no anjo da guarda da ponte. Fica observando atento o vai-e-vem de transeuntes para reconhecer os suicidas potenciais. Segundo ele, são pessoas que caminham de maneira desanimada. No lado da ponte em que fica, Chen distribui folhetos com o número de seu celular, uma espécie de linha de emergência. Nesse trabalho, já salvou quarenta e duas pessoas. Entrevistado pelo New York Times, em matéria que foi reproduzida no Brasil, na Folha de São Paulo, ele diz: Conta que ficou chocado quando leu sobre uma multidão, em outra cidade chinesa, que gritava insultos para um migrante desesperado, quando ele subiu no topo de um outdoor para se matar. Ao que tudo indica Chen é o primeiro voluntário a fazer esse tipo de trabalho na China, que ainda não possui um plano nacional de combate ao suicídio. Nos últimos meses, estudantes universitários, estimulados pelo seu exemplo, decidiram ajudar na tarefa. Agora, são vários os que se revezam na ponte, servindo de anjos da guarda aos potenciais suicidas. Além dos universitários, Chen conta ainda com o auxílio de algumas das pessoas que ele convenceu a não saltar da ponte. Chen não é rico, nem desocupado. Com trinta anos (data da reportagem), ele ganha a vida vendendo pequenos painéis publicitários. É alguém que é humano e se importa com o seu semelhante. Por isso, decidiu tomar providências por si mesmo, sem esperar autoridades governamentais ou grupos religiosos. Se todos pensássemos e agíssemos como esse chinês, o mundo já estaria bem melhor do que se encontra. Sê sempre tu o que toma a iniciativa do bem. Não esperes por deliberações de estâncias superiores, nem delegues a outros, aquilo mesmo que te compete fazer. Ante a dor que se manifesta, providencia o socorro, o remédio, a enfermagem, o que possas. Ante o desespero que se apresenta, oferta o ombro amigo, a mão fraterna, a presença. E então, descobrirás como se felicita o coração de quem age, fazendo a diferença para o seu semelhante.
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