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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
              za. Lá estava ela a me receber e à toda Montes Claros, com um sorriso
              cativante, que podia se traduzir numa promessa de felicidade.

                    Sob o fascínio daquela mistura perfeita de musa e fada, eu des-
              pertei para o sentimento da BELEZA e desde então, passei a desejá-la
              como meio de transcendência.

                    Ela é chamada pelo doce nome de MARINA LORENZO
              FERNANDEZ SILVA – fundadora e, por décadas, diretora do Con-
              servatório de Música Lorenzo Fernandez (nome de seu pai, grande
              músico erudito brasileiro). Lá, ela foi a primeira professora de piano.

                    Eu ficava em êxtase quando passava pela sua sala de aula e a
              ouvia tocar ao piano, sonatas de Beethoven, de Franz Liszt, Chopin
              ou dedilhando o Barroco de Bach, ensinando a técnica e o sentimento
              perfeitos da grande música.

                    Viera do Rio de Janeiro e emprestara a nós seu enorme talen-
              to e capacidade de trabalho incomuns. Foi, talvez, o maior presente
              que a cidade de Montes Claros já recebeu em toda a sua história. Da
              pequena casa em que a escola de música inicial se instalou, transfe-
              riu-se para uma bem maior, numa esquina da Avenida Afonso Pena
              e,  ampliando-se mais, de lá  transferiu-se  novamente para a Rua Dr.
              Veloso, desta vez ocupando todo o grande prédio do antigo Clube
              Montes Claros.

                    O ensino de música que inicialmente se restringia a poucos ins-
              trumentos foi-se diversificando e logo a seguir já se podia organizar
              uma orquestra sinfônica. A cidade agradeceu, fazendo presença no
              número crescente de alunos de todas as classes sociais e condições eco-
              nômicas: criança, adulto, novo, velho, preto, branco, rico e pobre. O
              Conservatório era, e ainda é de todos; espaço democrático, formador
              e porque não dizer, salvador, já que sabemos que a arte nos salva de
              toda a fraqueza e mediocridade.

                    Sob o trabalho insano e o olhar de musa inspiradora de D.
              Marina, o Conservatório de Música de Montes Claros chegou a ser o
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