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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
A única pessoa, entre os que se dispuseram a ajudar desde o pri-
meiro minuto, que não se mobilizou nesse esforço final para se obter
o quorum, foi Aveni Ribeiro, que estava pedindo voto para a eleição
que, se tudo desse certo, aconteceria no próximo ano. “Eu vou ser
candidato na eleição e queria te pedir um votinho”, dizia Aveni, antes
mesmo de Serranópolis se tornar cidade.
Com a chegada dos carros finalmente o quorum foi consegui-
do. Em seguida houve uma grande confraternização entre as pessoas
envolvidas no projeto. Agora era só esperar a confirmação que viria
no mesmo dia.
Até aquele momento eu não supunha que seria o porta-voz da
melhor notícia que o povo de Serranópolis poderia ouvir em sua his-
tória. Logo após o término do plebiscito eu fui para Porteirinha, que
fica a cerca de vinte quilômetros de distância. Eu tinha a apresenta-
ção de um programa naquela noite na Independente FM. Assim que
cheguei, o advogado Ailson Mendes Brito, o Doutor Binha, meu ex
-patrão, ligou para a emissora, já com o resultado dos plebiscitos dos
três distritos. Doutor Binha disse: “Délio, avisa aí que só Serranópolis
virou cidade. Pai Pedro e Nova Porteirinha não conseguiram, essas
não tiveram quorum”.
Lembro que, antes de entrar no ar para dar essa notícia, eu
estava radiante de felicidade e, ao mesmo tempo orgulhosíssimo de
meu pai. Graças a sua curiosidade Serranópolis passara sem proble-
mas por esse plebiscito. Eu dei a notícia na rádio com toda a alegria
do mundo, parabenizando o povo de Serranópolis, que agora havia
se tornado legalmente uma cidade. Ao mesmo tempo eu estava cons-
ternado pelos outros dois distritos que, por certo, também mereciam
a emancipação.
A razão de Serranópolis ter obtido êxito no plebiscito se deu
porque foi observada a necessidade do quorum, detalhe ignorado nos
outros dois distritos. Logo depois da notícia ter sido divulgada lem-
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