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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
               Para começo de conversa era preciso contar as moradias. Eu
          me ofereci para fazer este trabalho. Numa manhã ensolarada do ano
          de 1995 eu e Adival Cordeiro, pusemo-nos a contar, uma por uma,
          todas as casas de Serranópolis. Foram horas com a prancheta na mão.
          Lembro-me de que muitos curiosos perguntavam o que estávamos
          fazendo. Diante de nossa resposta, de que estávamos trabalhando
          para emancipar Serranópolis, alguns riam. De certo imaginavam que
          isso nunca daria certo. Outros, no entanto, demonstravam otimismo.
          Quando eu e Adival computamos todas as casas, depois de contá-las
          uma por uma, tivemos uma decepção, Havia 368 moradias.
               Faltavam, portanto, trinta e duas para o número mínimo exi-
          gido por lei. Este foi um balde de água fria na disposição de todos os
          envolvidos. Outra vez um detalhe burocrático vinha azedar os planos
          de uma comunidade inteira que sonhava com dias melhores. Mas o
          que poderia ser um entrave, desta vez, serviu de estímulo para aqueles
          que compunham a comissão informal da emancipação. A primeira
          providência foi considerar as casas existentes em um raio de um qui-
          lômetro como pertencentes à região metropolitana da futura cidade.
          Existiam vinte casas nestas condições. Ainda assim ficava faltando
          doze residências para atender a exigência legal.

               Os membros da comissão resolveram construir as casas que fal-
          tavam. Um grande mutirão foi feito e todos colaboraram no que foi
          possível. Com dinheiro, com material de construção, com madeira
          e com transporte para levar essas aquisições. Os donos dessas casas
          seriam pessoas humildes da comunidade. Um grande esforço foi feito
          porque era preciso obedecer aos prazos previstos pela legislação. Os
          tijolos e telhas comprados pela comissão começaram a chegar e as
          casas foram sendo erguidas.

               A lista dos colaboradores foi extensa: Lia do cartório colaborou
          com quinhentos tijolos, meu pai com outros mil, Odilon Antunes
          com mil e quinhentos, Sandoval Coelho com cinco mil. Vários sacos
          de cimento foram doados por Laury, Dãozão do Brutiá, Valdomiro

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