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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
              Os critérios utilizados na época valorizaram a estratégica localização
              de Porteirinha, localizada na rota que leva à Espinosa, que havia sido
              fundada 15 anos antes, já na fronteira com o Estado da Bahia. De-
              pois, em 1962, foi a vez de Riacho dos Machados ascender à condição
              de cidade e, mais uma vez, Serranópolis ficou de lado. Mudavam-se os
              critérios a cada nova lei de emancipação, e, por um motivo ou outro,
              Serranópolis não lograva êxito em suas tentativas.
                    Em alguns casos, como na década de 1980, quando o prefeito
              de Porteirinha era o falecido empresário Wilson Cunha, foram moti-
              vos pessoais que inviabilizaram o projeto. Meu pai, o comerciante Al-
              mir Alves Pinheiro, levou os papéis para o então prefeito, e este, ao ser
              informado que Sandoval Coelho, seu rival político, estava envolvido
              com o projeto, não quis apoiar o desmembramento, dizendo que não
              se poderia “dar asas a uma cobra”, se referindo a Sandoval.

                    Sinto muito orgulho de ter participado do processo de eman-
              cipação política de Serranópolis, porque pelo menos três gerações de
              minha família alimentaram esse sonho. Meu pai, Almir Alves Pinhei-
              ro, meu avô, Délio Pinheiro de Aguiar e também meu bisavô, Ananias
              José Alves, que merecia por parte dos moradores de Serranópolis o
              título de coronel, embora nem fosse militar. Todos nós tivemos, em
              tempos diferentes, o mesmo objetivo, ver nossa querida Serranópolis
              promovida à condição de cidade.
                    Depois de frustradas as tentativas anteriores, no ano de 1995
              surgiu novamente a possibilidade da emancipação através de um pro-
              jeto federal. Uma das condições dessa vez, segundo a lei, é que o dis-
              trito deveria possuir um número mínimo de três mil habitantes e ter,
              pelo menos, quatrocentas moradias em sua parte urbana.
                    Os primeiros passos foram traçados pelas pessoas que abraça-
              ram o projeto da emancipação: Alvimar Cardoso, Sandoval Coelho,
              Ramiro Ribeiro, Laury Moreira, Zezé Cordeiro, Eilson Cangussú,
              Osmani Antunes, Aveni Ribeiro, além de meu pai, entre outros ser-
              ranopolitanos.

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