Ventos de Agosto
Recebo a visita do amigo Edgar Antunes Pereira, meu diretor do Jornal de Notícias, que me traz os originais do seu livro VENTOS DE AGOSTO, série interessante de crônicas escritas e vividas, todas com um gosto especial de quem conhece o magnífico mundo moderno e a gente desse mundo. Honrado e alegre, revejo o amigo com grande satisfação, ainda mais por fazer com ele leituras de várias páginas pincelados de seu gosto e, até em certo ponto, de sua malícia de autor. Tudo um encanto, um relembrar e reviver momentos de descontração com alma jovem e cheia de vibrações muito apropriadas para quem nasceu nesta parte primorosa do sertão mineiro, alma sempre antenada nos acontecimento daqui e de lugares maiores do que Montes Claros, por exemplo, a cidade de São Paulo e a região de Manhatan, em Nova York.
VENTOS E AGOSTO, um livro com toques de quem fala bem a linguagem de jornal, com perfeita musicalidade de quem sabe a boa ciência de contar causos, busca surpreender o leitor do princípio ao fim. De cenários e ritmos diferenciados, ora fala a linguagem que só nos mineiros entendemos, ora deixa livre a interpretação para quantos queiram ver e sentir, ficar com raiva pelas liberdades ou mesmo acumpliciar-se com o escorregadio sentido malicioso de quase todas as crônicas. Em verdade, Edgar corta a realidade em fatias para que inteligências vejam e experiências possam reviver sabores próximos ou distantes. Há toda uma justaposição das partes, algo que foge, algo que vem completar nosso conhecimento, principalmente na linguagem masculina, quem sabe por uma faceta ainda não pensada ou não vivida...
De uma coisa não tenho dúvida: para um ex-repórter, professor, cronista, pintor, palestrante que acho que sou, sempre visualizando vivências e acontecimentos, sempre buscando retalhos de ideias e de conversas, o texto de Edgar é mais do que um livro aberto, com o máximo de possibilidades de participação de quem o lê e aprecia. Nele podemos, tirar, omitir, mudar, colocar e recolocar ideias e informações, tudo dependendo do gosto e das experiências pessoais, ou da cultura. Nele o leitor pode acrescentar estórias,
indicar alternativas, soprar jeitos de apimentar ou suavizar palavras e expressões que possam servir de ofensa a olhares e ouvidos por demais pudicos. Fico imaginando como é feliz esta nossa geração tão prenha de tolerância, tão cúmplice do imaginário e dos comportamentos, tão achegada a novidades nos sons e nas imagens.
VENTOS E AGOSTO – não sei se é esta a intenção do autor - vem provocar mudanças no ser e no não-ser. Entremeados de levezas como a crônica que nomeia o título, destaque também para O Sino de Sant’Ana, São Paulo, Espanha e Lontra e Cemitério de Brasília de Minas, praticamente todo o livro tem um sensível colorido e tempero de sexualidade latente ou explícita, origem e destino de todos nós comuns mortais desta liberalidade brasileira. É ou seria VENTOS DE AGOSTO um livro confessional? Tratos ou pedaços do que não pode ser escrito como notícia, mas muito bem alocados na página de domingo, dia em que o leitor está mais afeito a amenidades? Acima de tudo, é um texto visual, vívido, colorido, pleno de energia e emoção, podendo ser reconhecido como resposta e reação da alma e do corpo de quem o escreveu, mercê de Deus ainda jovem e de memória afiada.
São vários os níveis de leitura, todos com vocação de agradar ou provocar suscetibilidades, tão rico é o panorama percorrido pelo jovem diretor do Jornal de Notícias, amigo dos muitos amigos que amam esta maravilhosa língua portuguesa de Minas Gerais e, principalmente, a de Montes Claros, esta capital divinamente situada entre o Norte-Nordeste e o Sul maravilha do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Sul. Vale e merece ser lido com olhos ventura e aventura!
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